MAPA

MAPA

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Rios dos Ermos e dos Sem Fim

Rios dos Ermos e dos Sem Fim

Hiram Reis e Silva, 12 de abril de 2013

Realmente, um rio deserto no Amazonas equivale a um pleonasmo. Mas existem, não há dúvida, rios de solidão tão impressionante, tão profunda, tão despropositada, que deixam no espírito de quem os percorre a sensação que deve sentir um homem que alcançou o último grau de latitude do Polo Norte.
(Aurélio Pinheiro - À Margem do Amazonas – 1937)

Percorrer as curvas infindas do Rio Juruá, o mais sinuoso dos rios do planeta, navegar horas a fio sem avistar um só ser humano ou vislumbrar um resquício que seja de sua presença nos dão uma ideia viva de um fim de mundo, de um mundo onde a presença humana ainda não se fez totalmente presente. Parece que nestes longínquos confins a natureza ainda não se preparou para acolher o Filho do Homem, uma estranha bruma nos envolve, uma névoa que encobre paisagens onde se tem a sensação que o tempo estancou, retrocedeu e, encabulado, permanece encolhido, estático, nestes ermos dos sem fim, arredio às novidades, às mudanças, avesso à modernidade.

Oculto pelas sombras o passado rompe as barreiras cronológicas e ocupa o lugar do presente envolvendo lentamente o canoeiro no seu mágico manto pretérito. Surgem das várzeas, dos igapós, dos sacados, dos furos, seres mitológicos, a ficção e a realidade fundem-se, mesclam-se. Iaras, curupiras, mapinguaris saúdam o enlevado navegante que mergulha o seu remo nas nuvens diáfanas dessas águas de puro encantamento. De repente, ao avistar algumas rudimentares palhoças, pequenos e primitivos casebres perdidos em um lúgubre recanto a fantasia se esvai e retorno bruscamente ao mundo real.

Alguns navegantes certamente entenderão meus devaneios. Ao submergirmos na natureza nossos sentidos são ampliados, por vezes anestesiados, fazendo-nos experimentar ainda que momentaneamente a sensação de estarmos aportando na Terceira Margem.


_________________________________________________________

De Volta à Realidade!

De Volta à Realidade!

Hiram Reis e Silva, Porto Alegre, RS, 03 de abril de 2013.

O corpo exausto, o pensamento cansado, meu raciocínio pedindo demissão e a insônia me fazendo de vítima mais uma noite. Uma madrugada reticente, agoniada. As horas que passavam, pareciam não passar. (...) Viajei pelo espaço sideral, visitei satélites, fui a lugares onde as palavras não alcançam e até a lugares onde só a imaginação consegue ir. Solta como quem possui asas. Sem termo, sem limite, tudo ao acaso e sem pretensão de volta à realidade. Sonho ou fantasia? Sei eu! Aos poucos, as estrelas foram perdendo o brilho e sumindo do céu uma por uma. A lua deu bom-dia ao sol enquanto dezenas de passarinhos alvoroçados vieram até minha janela contar-me seus sonhos e avisar que mais um dia raiou. Só então, depois de sonhar acordada, acordei sonhando. (Ismara Alice)

A missão de reconhecimento do Juruá findou, a 17 de fevereiro, mas, só agora, me sinto a vontade para arvorar remos. Cheguei à foz do Juruá 44 dias depois de partir de Cruzeiro do Sul, AC, havíamos remado freneticamente durante 28 dias e desfrutado do conforto das cidades de Ipixúna, Eirunepé, Itamarati, Cararuari e Juruá, onde, graças às autoridades municipais e à Polícia Militar, pernoitamos em hotéis durante 16 dias recuperando-nos do excessivo desgaste, coletando novas informações e repercutindo-as. Conseguimos manter uma média diária de mais de 90 km, mas, a um alto custo, perdi 12 quilos neste difícil percurso, perdendo mais de 0,4 quilos por dia de remo em decorrência não só do esforço físico, mas, sobretudo, pela alimentação inadequada e disenterias.

As curtas passagens por Manaus, AM, Santarém, PA e Natal, RN, serviram para trazer-me, progressivamente, de volta à realidade. Uma realidade mesclada de alegrias e tristezas, de júbilo por ter conseguido, apesar das dificuldades impostas pela logística, terreno, clima e condições meteorológicas, cumprir todas as metas propostas no mais curto espaço de tempo e amargura de verificar que alguns companheiros colocavam em cheque ou escarneciam do trabalho que havíamos executado. Alegria por ter sido recepcionado em Tefé como um bandeirante do século XXI, com direito à escolta fluvial, foguetório e banda de música, alegria de encontrar na figura do Gen de Bda Paulo Sérgio, comandante da 16ª Bda Sl, uma liderança atuante capaz de conduzir seus homens pelo exemplo e pelo dinamismo como nossos grandes chefes militares do passado. Tristeza de verificar, que em Manaus, a quantidade de representantes da imprensa era muitíssimo maior do que o número de companheiros de arma presentes na nossa chegada, considerando que a expedição era uma missão oficial do Comando Militar da Amazônia. Alegria de ter sido recebido pelo 2° Grupamento de Engenharia, Manaus, AM e pelo 8º BEC, Santarém, PA, com a cordialidade e o carinho tão característico dos discípulos de Vilagran. Alegria por reencontrar, em Porto Alegre, os familiares, amigas e velhos amigos, mas, uma profunda tristeza por reencontrar minha esposa encarcerada ao catre e presa a uma carcaça martirizada pela enfermidade. Alegria de ser abraçado carinhosamente por meus ex-alunos e tristeza em verificar que o valor do contra-cheque continua sendo muito inferior às despesas mensais.

-  Chegada em Porto Alegre, RS (24.03.2013)

Pousamos, no Aeroporto Salgado Filho, pontualmente à 09h35. Fiquei surpreso ao constatar que apenas a Rosângela e sua mãe, D.a Maria (a mama de Bagé), e o Cel Angonese e esposa S.ra Eliana lá estavam para me recepcionar, afinal eu estivera ausente por quase 4 meses. O fato de não encontrar nenhum familiar no aeroporto me entristeceu. O Angonese convidou-nos para almoçar no Grelhatus, eu não podia declinar do convite do caro parceiro, que nos acompanhara, a remo, no trecho da Foz do Breu até Cruzeiro do Sul. Fomos até em casa, tomei um banho para espantar o sono, passara a noite em claro e, pontualmente ao meio-dia, nos dirigimos ao restaurante acompanhados da Vanessa e do João Paulo.

A Rosângela estacionou o carro numa rua lateral onde encontramos o Coronel Regadas, achei estranha a coincidência e só me dei conta de que havia uma “trama” em andamento quando topei com o Coronel Araújo na função de Mestre de Cerimônias na frente do Grelhatus. Havia duas enormes mesas reservadas para os familiares e amigos mais diletos, a indignação de antes cedeu lugar a emoção que mexeu com o coração e a alma deste velho soldado. Consegui manter heroicamente o equilíbrio emocional até chegar o caro amigo Pastl, D.a Ana Claci e seus filhos Guilherme e Emanuel que se recuperaram bravamente dos ferimentos causados pelo incêndio da boate Kiss, de Santa Maria, RS. Não consegui conter a emoção e chorei como criança.

De cada cidade do Juruá eu ligara para saber notícias dos meninos e acompanhara a par e passo a evolução de seu estado. Ter, agora, a oportunidade de abraçar meus ex-alunos e seus queridos pais fez com que eu afrouxasse a couraça espartana que tenho carregado desde o AVC de minha esposa. A Rosângela e o Araújo souberam guardar segredo, eu não imaginara, jamais, tal surpresa.

-  Tapajós

Estamos tentando viabilizar, para setembro deste ano, o reconhecimento do Rio Purus para dar continuidade à história do Acre tão vinculada aos Rios Purus e Juruá. Caso não se concretize esta possibilidade vamos percorrer o Rio Tapajós, partindo de Santarém, a remo, pela margem esquerda até Itaituba, de voadeira até Jacareacanga e daí descendo pela margem direita, de caiaque, até Santarém.

-  Livro do Juruá

Dois dias depois da chegada e de tomadas algumas providências administrativas iniciamos o lançamento dos dados coletados nos mapas que posteriormente entregaremos ao DNIT. O professor Sérgio Pedrinho Minúscoli entregou-me o livro “Descendo o Madeira” totalmente revisado fazendo-me abandonar os trabalhos do Juruá, temporariamente, para finalizar a 4ª etapa do Projeto Desafiando o Rio-mar.


_________________________________________________________________


“Tâmo Junto Comandante!”

“Tâmo Junto Comandante!”

Hiram Reis e Silva, Porto Alegre, RS, 02 de abril de 2013.

É muito melhor arriscar coisas grandiosas, alcançar triunfos e glórias, mesmo expondo-se à derrota, do que formar fila com os pobres de espírito, que nem gozam muito, nem sofrem muito, porque vivem nessa penumbra cinzenta que não conhece vitória nem derrota.
(Theodore Roosevelt)

Antes mesmo de ter sido confirmada a Missão de Reconhecimento do Rio Juruá resolvi iniciar meu planejamento consultando os Soldados Mário Elder Guimarães Marinho e Marçal Washington Barbosa Santos, membros do Grupo Fluvial do 8° Batalhão de Engenharia de Construção (8° BEC), sediado em Santarém, PA, se eles estariam interessados em participar da Expedição General Belarmino Mendonça. A resposta dos dois combatentes foi imediata:

“Tâmo Junto Comandante!”

Nenhum dos dois sequer titubeou, pensou em perguntar qual Rio seria desbravado, quanto tempo duraria a missão nem quais os meios disponíveis, eles estavam simplesmente prontos - “De Pé e à Ordem”.  Nas minhas duas últimas descidas (Rio Amazonas - 2010/2011, 851 km e Rios Madeira/Amazonas - 2011/2012, 2.000 km) contei com o apoio irrestrito da valorosa Tropa de Elite do Barco a Motor (B/M) Piquiauba da qual faziam parte além do Mário e do Marçal os Soldados Walter Vieira Lopes e Edielson Rebelo Figueiredo. Como esta missão era mais longa convidei apenas dois militares levando em conta suas características pessoais e, também, para não desfalcar, por demais, o efetivo do Grupo Fluvial do 8° BEC.

A pronta resposta dos dois militares me fez “engarupar na anca da história” e lembrar os velhos tempos de aluno do Colégio Militar de Porto Alegre quando ouvi encantado, pela Rádio Guaíba, o relato denominado “Mensagem a Garcia”. A reportagem enaltecia a figura ímpar do Coronel Andrew Summers Rowan (1857-1943) que cumpriu, durante o conflito Hispano-americano, sem pestanejar, a missão de encontrar e entregar uma mensagem do Presidente norte-americano William Mac Kinley (1843-1901) ao insurreto Major-general cubano Calixto Ramón García Iñiguez (1836-1898). O Presidente Mac Kinley confiou a Rowan a carta destinada a Garcia; Rowan tomou–a, nada perguntou, partiu resoluto e simplesmente cumpriu a missão.

Numa época em que a omissão e a falta de iniciativa e comprometimento se tornaram tão corriqueiros, observo, boquiaberto e preocupado, profissionais de todas as origens, militares ou civis, tentando prorrogar prazos, ampliar efetivos ou recursos desnecessariamente para cumprir sua missão e ao final apresentarem pífios resultados. A resposta destes dois militares e sua conduta extremamente profissional durante os três árduos meses de duração da missão serve de estímulo e esperança a todos os líderes e formadores de opinião que ainda acreditam que existam entre nós outros “Rowans” dispostos a abandonar o conforto de seus lares para desafiar corajosamente os mais diversos obstáculos que a natureza, a falta de apoio logístico e a missão lhes impõem.

Durante nossa épica jornada a magnitude dos reptos foi sendo ampliada a cada dia em decorrência das características do terreno, condições atmosféricas e a ausência de povoados onde pudéssemos buscar abrigo. A cada nova proposta, mais desafiadora que a anterior, os meus fiéis escudeiros simplesmente respondiam com um sorriso nos lábios, antegozando a possibilidade de ultrapassar mais um limite, estabelecendo um novo recorde pessoal de resistência e distância percorrida. Em nenhuma oportunidade, nos quase quatro mil quilômetros percorridos de caiaque, precisei dar uma ordem sequer a estes dois jovens espartanos. Fomos, permanentemente, uma equipe coesa e unida em torno de um objetivo comum e nossa motivação permitiu-nos manter o foco na missão sem os indesejados desvios. Desde o início até encerrarmos as atividades em Santarém, PA, nossos corações e mentes tinham apenas uma aproada, apenas uma lei, uma meta, manter a qualquer custo o “foco na missão”. Graças a este estado de espírito cumprimos todos os objetivos desejados com rendimento muito acima do esperado mais de um mês antes do prazo previsto.


Quero, portanto, deixar, publicamente, consignado este elogio a estes dois jovens guerreiros que demonstraram que a velha chama castrense, preservada com tanto zelo por nossos antepassados, permeada dos mais sagrados valores cultuados pelos velhos camaradas, desde o longínquo pretérito, continua acesa graças ao empenho e extrema dedicação dos hoje raros e abnegados militares da estirpe do Cabo Mário e o Soldado Marçal.

_________________________________________________________________


Chegada em Manaus

Chegada em Manaus

Hiram Reis e Silva, Santarém, Pará, 16 de março de 2013.

“Há mais pessoas que desistem do que pessoas que fracassam”. (Henry Ford)

Partimos de Iranduba, depois das seis horas, e chegamos ao Furo Paracuúba por volta da nove horas. O Paracuúba serve de atalho às pequenas embarcações que descem o Rio Solimões, com destino a Manaus, permitindo adentrar ao Rio Negro.

Paracuúba (Dimorphandra macrostachya): árvore amazônica de ramos grossos e muitas flores. Também é conhecida pelo nome de ataná.

No Negro paramos em uma pequena praia para fazer a manutenção das embarcações preparando-as para o lance final e depois aproamos para um dos lances intermediários da bela ponte do Rio Negro. Como chegamos muito antes da hora prevista estacionamos em baixo de um dos imensos pilares aguardando o momento adequando para rumar para o porto do Centro de Embarcações do Comando Militar da Amazônia (CECMA). Como as ondas castigavam as embarcações e empurravam-nas perigosamente de encontro aos enormes tubulões de ferro decidi deixá-las à deriva e aguardar o comando do Coronel Lister para realizar a aproximação. A correnteza do Negro praticamente não existia e fomos sendo empurrados lentamente pelos ventos em direção ao nosso destino.

O Coronel Lister comunicou-se conosco pelo telefone celular e acertamos com ele o momento mais apropriado para a aproximação. Depois de os repórteres embarcarem em uma embarcação do Comando Militar da Amazônia (CMA) e uma escolta fluvial vir ao nosso encontro fomos autorizados a realizar a aproximação. Remamos vigorosamente, pela última vez nesta missão. As ondas vinham pela alheta de bombordo e desorientavam a embarcação do Marçal, que não possui leme, prejudicando sua progressão enquanto o Cabo Horn, da Opium Fiberglass, surfava levemente sem tomar conhecimento do banzeiro.

Os repórteres depois de nos acompanharem embarcados até aportarmos nos seguiram até uma confortável instalação do Centro de Embarcações que o Coronel Barros, E/5 do CMA, preparara para as entrevistas. Foi com muita satisfação que ali encontrei meus ex-Cadetes, o General Antônio dos Santos Filho, atual Comandante do 2º Grupamento de Engenharia (2º Gpt) e o Coronel Tavares, que foi Chefe do Estado Maior do 2º Gpt. Lá estavam, também, o Cmt Túlio da PM, representando seus pares que nos deram apoio fundamental em todo percurso no Estado do Amazonas, o meu caro parceiro do CMPA, Tenente-coronel Pestana, hoje Sub-comandante do CECMA e o Paulino um velho amigo da FUNAI que tive o privilégio de conhecer quando comandei a 1ª Cia Eng Cnst, do 6º BEC, sediada no Abonari, BR 174. O grande destaque da recepção em Manaus foi proporcionado pelos meus fiéis amigos pessoais e pelos repórteres. Senti muito a ausência do autor intelectual de minha missão o Coronel Pastor que por problemas de saúde não pode estar presente.

Como a missão se tratava de um reconhecimento de engenharia, executado por um oficial e duas praças da nobre arma de Vilagran, numa expedição que levava o nome do engenheiro militar General Belarmino Mendonça, nada mais justo que a maior autoridade presente na ocasião de nossa chegada fosse um digno camarada oriundo da arma do castelo lendário. Agradeço, sensibilizado, a todos aqueles, militares e repórteres, que abrindo mão de suas merecidas horas de lazer, neste domingo ensolarado às margens do majestoso Rio Negro, participaram de nossa vibração pelo cumprimento de uma missão em que as qualidades que mais cultuamos na vida castrense foram postas à prova e materializadas dia-a-dia, sobejamente, pelos expedicionários. Foram oitenta e três dias de árdua navegação pelos Rios Juruá e Solimões, enfrentando as mais duras provas de resistência, intempéries, desconforto, insalubridade, falta de apoio sem que jamais descurássemos de nosso objetivo, mantivemos sempre, a todo preço, o “foco na missão”.

-  Manaus, AM (10 a 13.03.2013)

Além do apoio prestado, em Manaus, mais uma vez, pelos nossos caros amigos Paulino e Beto Moreno tivemos, desta feita a oportunidade de conhecer um grande parceiro, até então virtual, chamado Walter Rezende. Um contabilista, advogado, compositor e poeta que foi, em 2012, Vice-campeão da Terceira edição do Festival Amazonas de Música. Walter Rezende escreveu, em 2010, um livro de poemas chamado “Poesias Livres, de Versos Brancos e de Pés Quebrados”, que foi adaptado para ser inscrito no festival sob o título “Amor e Silêncio”.

Fui convidado pelo General Santos Filho para fazer um breve relato da Expedição pelo Rio Juruá no auditório do 2º Grupamento. Fiquei emocionado com as gentis palavras que proferiu meu ex-Cadete a meu respeito e senti a arritmia tomar conta do coração e as lágrimas teimarem em brotar dos olhos deste velho canoeiro ao lembrar de como foram bons aqueles momentos passados na Academia Militar das Agulhas Negras em que tive a honra e o privilégio ímpar de participar da formação de nossos jovens oficiais de engenharia.

Obrigado General, é sempre bom ter nosso trabalho reconhecido e saber que as sementes lançadas por aquele instrutor caíram em seara fértil, fecundaram e hoje estendem generosamente seus frutos a este idealista incorrigível que sempre colocou a Pátria e o Exército acima dos interesses pessoais sacrificando com isso, não raras vezes, a saúde e o conforto seu e de seus familiares.

Abracei esta carreira, seguindo os passos de meu venerável e inesquecível pai, como um verdadeiro sacerdócio e, por isso, posso olhar para trás e sentir orgulho de cada ato, de cada atitude tomada sempre em nome da honra e do dever. Nunca almejei os louros da vitória ou o reconhecimento, mas sempre procurei cumprir minhas tarefas da melhor e mais digna maneira possível, por isso, é que ao observar a mesquinhez e a falta de visão de alguns, a omissão ou descomprometimento de outros eu contra-ataco com uma férrea determinação e “prossigo na missão” sem desviar-me, jamais, do objetivo final e isto, certamente, incomoda aos mercenários e fracos de espírito.

-  Partida para Itacoatiara, AM (14.03.2013)

Partimos às 05h40, embarcados na lancha “Mirandinha” rumo à Itacoatiara, AM. Logo que entramos no Rio Amazonas o tempo começou a mudar e enfrentamos chuva, vento e banzeiros a maior parte do tempo. Chegamos por volta das onze horas no porto do amigo José Holanda e ligamos para o empresário Roni, amigo do irmão Beto Moreno, que nos disponibilizou mais 100 litros de combustível, o suficiente para chegarmos até Santarém, PA.

-  Partida para Santarém, PA (15.03.2013)

Partimos antes do alvorecer enfrentando as mesmas condições climáticas adversas do dia anterior. Para neutralizar os efeitos da chuva fria que resfriava nossos corpos, volta e meia, eu enchia um balde com água do Rio Amazonas e molhava o corpo para aquecê-lo. Ao passarmos por Parintins, AM pelas onze horas telefonei para o Coronel Codelo, Comandante do 8º BECnst, avisando que decidíramos tocar direto para Santarém sem pernoitar em Parintins. Ao penetrar as águas verdes e cálidas do Tapajós avistamos ao longe a “Pérola do Tapajós”.

Ao aportarmos em Santarém, novamente, a fidalguia dos meus caros irmãos de armas se fez presente em cada momento de nossa breve passagem pela bela cidade de Santarém.


_________________________________________________________________


Manacapuru – Iranduba

Manacapuru – Iranduba

Hiram Reis e Silva, Manaus, Amazonas, 11 de março de 2013.

“Há mais pessoas que desistem do que pessoas que fracassam”. (Henry Ford)

Estava fotografando e realizando algumas filmagens do alto da escadaria que conduz ao tobo-água do Paraíso D’Angelo quando fui surpreendido com o irritante ruído de um jet-ski que cruzava o Lago velozmente. É impressionante notar a omissão e mesmo a conivência das autoridades ligadas ao meio-ambiente em relação a estes rapinantes motorizados, por isso, vale a pena reproduzir, novamente, a minuta que relata de maneira enfática os danos produzidos por estes equipamentos.

-  Infrações Ambientais do Jet-ski
   Fonte: Minuta Sobre o Jet-Ski no Capingui

Os jet-skis possuem motores de “dois tempos”, altamente poluentes, que lançam junto com o jato do turbo em torno de 10 (dez) litros de gasolina com óleo na água em aproximadamente 2 (duas) horas de tráfego. Conforme estudo da California Air Resources Board, órgão que controla a poluição nos Estados Unidos, os jet-skis potentes e desregulados jogam até 30% do combustível misturado ao óleo diretamente na água, sem queimar, aumentando consideravelmente os indicadores poluentes. Se apenas 10 jet-skis andarem duas horas no final de semana, serão 100 (cem) litros de gasolina com óleo lançados. Os jatos dos jet-skis, além de poluírem e atingirem as encostas e margens revolvem os sedimentos do fundo, impregnando-os com o óleo, sem que se possa removê-lo posteriormente; se transformam em resíduos permanentes. Consequentemente, o fundo passa a ser composto pelo sedimento e pelo poluente lançado pelo turbo. Esse crime ambiental se agrava com as manobras de “empinamento”, “cavalos-de-pau”, dos pilotos de jet-ski, os quais fazem com que os jatos incidam diretamente no fundo, com o revolvimento completo de seus sedimentos, em especial nas demonstrações em águas rasas. Por essa razão, onde os jet-skis andam, as águas ficam “barrentas”. Em concentrações de jets, em áreas com profundidade média de 12 metros, já se comprovou a formação de “áreas barrentas”. Fato gravíssimo é que o jet-ski funciona como um “misturador” nas áreas em que trafega. Todos os poluentes lançados pelas demais embarcações - e que permanecem flutuantes - são revolvidos e, quando os turbos remexem os fundos ou as margens, são também misturados com os sedimentos. A violência dos turbos rebenta os ovos dos peixes e mata os alevinos.

Os jet-skis são máquinas de múltiplos impactos, pois, conforme os últimos modelos podem alcançar mais de 100 km/h. Até a sua invenção não se conhecia outra máquina em termos de poluição sonora, poluição da água, problemas à natureza e segurança nas vias navegáveis. Além da gravidade da poluição do meio ambiente, os jet-skis produzem ruídos na faixa de 85 a 105 dB (decibéis). Os indicadores de saúde recomendam protetores auriculares em ambientes com nível acima de 85 dB. Além disso, quando o jato sai para fora d’água, o ruído muda de intensidade e tom, reproduzindo o ruído de moto-serra. O ruído perturba muito mais do que sons constantes. Além de prejudicial aos humanos, conforme Joanna Burger, da Universidade Rutgers de Nova Jersey, o ruído dos jet-skis assusta e espanta os animais 6 (seis) vezes mais do que barcos com motor de popa.

-  Partida para Iranduba (09.03.2013)

Como Iranduba ficava a pouco mais de quatro horas de remo desde o Lago Miriti, resolvemos tomar o café no Paraíso D’Angelo antes de partir, não havia pressa em deixar as confortáveis instalações do Paraíso D’Angelo. Aprontamos as embarcações para partir logo após o café e ficamos aguardando o café que foi servido pontualmente às 07h30. O amigo D’Angelo, e seu secretário foram gentilmente se despedir dos expedicionários. O Mestre João Saraiva D’Ângelo é um destes homens à frente de seu tempo capaz de planejar e/ou executar os mais diversos projetos das mais diversas áreas ao mesmo tempo.

Partimos, sem pressa, admirando a beleza natural do Lago Miriti, que infelizmente tem sofrido, ao longo dos anos, com as investidas humanas e descaso das autoridades. Depois de quatro horas de remo aportamos em Iranduba. Ao lado do Porto construído pelo DNIT telefonei para meu amigo e irmão General Fraxe para lhe expressar meu apoio. O General Fraxe, agora à frente do DNIT, não foi promovido a General de Exército, disse-lhe que o Exército Brasileiro perdia a oportunidade de ter em seus quadros um Oficial General da mais alta estirpe, mas que, em contrapartida, ganhava o Brasil por poder continuar contando com seus serviços ligados à nossa carente infra-estrutura de transportes.

A PM que nos alojou no seu aquartelamento e depois de instalados fomos almoçar no restaurante “O Canoeiro”, escolhido não por seu sugestivo nome, mas pela proximidade física do quartel da PM. Fizemos contato com o senhor José Raimundo, conhecido como “J. Raí”, que nos entrevistou na Praça principal da cidade e mais tarde nos acompanhou até a farmácia do Levenílson Mendonça da Silva, o “Lei”, que na descida do Solimões nos acompanhara numa visita ao sítio Hatahara onde estavam realizando escavações arqueológicas.


________________________________________________________________


Anamã – Manacapuru

Anamã – Manacapuru

Hiram Reis e Silva, Manacapuru, Amazonas, 08 de março de 2013.

Em Manacapuru costumam dizer que:
“Quem bebe a água do Meriti nunca mais sai daqui”

-  Partida para Manacapuru (07.03.2013)

Acordamos mais tarde, às 05h00, o braço do Lago Anamã que permite acessar o Rio Solimões precisava ser abordado com um mínimo de luz para podermos vislumbrar as curvas e optar por remar pela parte de dentro das mesmas evitando a correnteza forte que iríamos encontrar por aproximadamente 4,5 km. Não solicitamos apoio motorizado da PM tendo em vista que a distância do hotel até nossas embarcações era relativamente pequena. Partimos às 05h40min, enfrentando uma considerável correnteza contra, mantendo uma média de 4,0km/h durante quase uma hora que levamos para atingir a sua Boca no Solimões.

A chuva intermitente da tarde anterior intensificou-se durante a madrugada e nos acompanhou durante todo o trajeto. Avistamos uma grande Ilha defronte a Manacapuru por volta das 11 horas, antigamente conhecida pelo nome de Ilha de Manacapuru, que foi engolida e levada pelas águas na década de 60. Vinte anos depois, o Rio iniciou sua reconstrução com uma grande praia, hoje conhecida pelo nome de Ilha de Santo Antônio.

Eu havia locado a Boca do Lago Miriti no meu GPS, mas acostumado com as ações tumultuárias do Solimões enviei o Mário à minha frente para confirmar com os moradores a localização exata. Chegamos junto à Boca do Miriti confirmando a posição exata obtida no Google Earth.

Notamos a pujança do Lago depois de remarmos algumas centenas de metros ao observar que as águas se tornavam cada vez mais negras mostrando que o belo Lago não havia se deixado contaminar pelas barrentas águas do Solimões. Navegamos lentamente admirando essa pérola de Lago que atrai tanto os turistas à região. Nosso destino final era o Complexo Turístico Paraíso D”Ângelo.

- Manacapuru

Manacapuru é uma palavra de origem indígena derivada das expressões Manacá e Puru. Manacá é uma planta que significa, em tupi, Flor. Puru, da mesma origem, quer dizer enfeitado, matizado. Logo, Manacapuru quer dizer “Flor Matizada”.

Manacá-de-cheiro (Brunfelsia hopeana) - é extremamente perfumado e suas flores mudam de cor. Inicialmente elas são azul-arroxeadas e vão, lentamente, com o passar dos dias, clareando até tornarem-se brancas. Durante a floração, que ocorre na primavera e verão, as flores apresentam um colorido de diversos matizes. É um arbusto que pode atingir três metros de altura.

-  Paraíso D’Angelo

Dentre as várias opções de ecoturismo, ou locais agradáveis que existem na nossa imensa Amazônia, um, dentre todos, se destaca que é o “Complexo Turístico Paraíso D’Ângelo”, às margens do Miriti, com uma infraestrutura que inclui hotel, restaurante, cabanas, tobo-água, dentre outras. O ponto alto do Complexo e que mais chama a atenção é a serenidade de cada um de seus integrantes a começar pelo amigo D’Ângelo. Conversar com o senhor João Saraiva D’Ângelo, que se caracteriza como um “italiano-cearense-amazonense” (Itaceam) é um privilégio. Os entalhes do hotel “Itaceam”, o bom gosto da decoração do restaurante são realmente encantadores e em cada um destes lugares a marca D’Ângelo está presente.

Quando entrei em contato com o amigo D’Ângelo para dizer da nossa intenção de conseguir que a Prefeitura de Manacapuru patrocinasse nosso pernoite e alimentação nas suas instalações ele se ofendeu dizendo que eu e minha equipe éramos convidados pessoais dele. À noite, em entrevista à AmazonSat eles me perguntaram onde a minha expedição se encontrava e eu respondi no Paraíso e não estava mentindo.

- Festival das Cirandas

A Ciranda é uma dança em que os participantes, de mãos dadas, imitam o ondulado suave das ondas do mar. De origem portuguesa, é dançada em rodas e a música e a letra, originalmente lusitanas, foram totalmente abrasileiradas. A Ciranda chegou ao Brasil-Colônia pelas praias pernambucanas e, no final do século XIX, a Ciranda nordestina foi incorporada às manifestações culturais do Amazonas por Antônio Felício, na Cidade de Tefé. No início da década de 80, o senhor José Silvestre do Nascimento e Souza e a professora Perpétuo Socorro, organizaram a primeira Ciranda no Colégio Nossa Senhora de Nazaré, em Manacapuru. Com o passar dos anos, a pequena manifestação local ganhou notoriedade no cenário folclórico regional e nacional e, em decorrência disso, foi criado, em 1997, o Parque do Ingá, destinado exclusivamente às Cirandas. A criação do anfiteatro, com capacidade para vinte mil pessoas, precipitou a idealização de um festival próprio, dirigido unicamente à apresentação das Cirandas. No mesmo ano da criação do Parque do Ingá, foi realizado o “I Festival de Cirandas de Manacapuru”, contando com as Cirandas Flor Matizada, Tradicional e Guerreiros Mura, quando então foi estabelecida uma data fixa para a realização do mesmo, o último final de semana do mês de agosto, sendo destinada uma noite para a apresentação de cada Ciranda.

-  Encerramento dos Trabalhos de Campo da Expedição GBM

Convidamos aos amigos que acompanharam fielmente nossa jornada cívica a comemorar nossa chegada às 15 horas, do dia 10 de março de 2013, no porto do Centro de Embarcações do Comando Militar da Amazônia. Participe e\ou convide seus amigos a fazer parte da escolta fluvial no Rio Negro ou do congraçamento nas instalações do CECMA.


_________________________________________________________________


Codajás – Anamã

Codajás – Anamã

Hiram Reis e Silva, Manacapuru, Amazonas, 07 de março de 2013.

Ao passar pela Boca do Purus, minha memória, madrugando no passado, recolheu, no arquivo ancestral, a imagem de dois ícones de nossa história, em outubro de 1905, navegando no vapor Rio Branco, singrando este mesmo Rio tendo como destino Manaus. José Plácido de Castro tinha comandado o vitorioso Movimento Revolucionário Acreano que resultou na incorporação das terras “ditas” bolivianas ao Brasil. Euclides da Cunha chefiara a “Comissão Brasileira de Reconhecimento do Alto Purus”, cuja missão era mapear o Rio Purus desde a foz, no Solimões, até suas cabeceiras, definindo as fronteiras do país com a Bolívia e o Peru.
 (Hiram Reis e Silva – Desafiando o Rio-mar, descendo o Solimões)

Novamente os cordiais Policiais Militares nos apoiaram na hora da partida. Quando chegamos ao flutuante do “Pisca” ele já estava a postos para que pudéssemos carregar, na lancha “Mirandinha”, o material que ficara sob seus cuidados. Eu havia visitado Codajás, pela primeira vez em janeiro de 2009, na minha descida pelo Solimões. Deixamos para trás mais uma amazônica cidade que regrediu consideravelmente nos serviços prestados à comunidade apresentando uma triste realidade que parece ser a tônica das cidades do Rio Solimões pelas quais passamos ao contrário do que observamos no Juruá.

-  Partida para Anamã (05.03.2013)

Deixamos o Cabo Mário para trás arrumando os badulaques na lancha Mirandinha e iniciamos nossa jornada. A noite emprestava à paisagem um toque de magia e mistério, eu me orientava pela claridade da cidade que ainda dormitava preguiçosamente e pelas luzes das embarcações que desciam placidamente o formidável Rio. Os primeiros raios solares só surgiram no horizonte depois de termos remado hora e meia matizando as diáfanas nuvens.

Ao raiar do dia cruzamos por uma embarcação da Marinha do Brasil, a P20, que realizava manobras na área. O dia transcorreu sem grandes alterações, o calor era insuportável e foi necessário reabastecer nossos cantis por três vezes. Antes de entrarmos em um furo que conduzia à cidade de Anamã solicitei ao Mário que fizesse algumas tomadas da Boca do lendário Rio Purus. Como em 2009, cruzamos pelas enormes alfaces d’água (Pistia stratiotes) de mais de 50 cm de diâmetro do Purus.

O Furo, indicado ao Mário por um ribeirinho, diminuía consideravelmente a distância até Anamã e por ele enveredamos. As águas do Solimões penetravam velozmente pelo Furo e chegando ao Lago já tinham empurrado as águas negras mais para o interior tingindo-o totalmente com suas águas leitosas. Depois de remar uns dez minutos avistamos a cidade das originais e multicoloridas casas de madeira, ao fundo, e picamos a voga para atingi-la. Fomos direto para o Porto de Anamã, que por sinal encontra-se em péssimo estado de conservação. Guardamos nossos materiais em um flutuante da Prefeitura, sob custódia do “Vovô” e contatamos o Cabo PM Evandro Carreira, já orientado pelo seu Comandante Maj PM Michel, que nos levou até o Hotel e às dezenove horas até o restaurante do “Soldado” que a Prefeitura havia-nos igualmente franqueado.

-  Anamã e a Enchente de 2012
http://www.youtube.com/watch?v=33SpeuHn138

A maior enchente em mais de cem anos castigou uma das mais belas cidades do Estado do Amazonas. A alagação colocou o Município de Anamã em situação de emergência já que 100% das ruas da cidade estavam debaixo d’água e mais de 800 casas tinham sido inundadas sendo que mais da metade delas precisou utilizar do recurso do assoalho levantado. A maioria das casas de Anamã é de madeira e sua arquitetura requintada, riqueza de detalhes e pinturas vivas chamam a atenção de quem a visita. Os marceneiros locais são muito hábeis e os acabamentos são originais raramente repetidos em outra construção. As marcas das águas nas paredes das residências não deixam dúvidas do estado de calamidade que assolou a pequena Anamã. Verificamos muitas obras sendo executadas e esperamos que o pico da cheia que se avizinha não venha a causar mais transtorno aos moradores.

-  O Lendário Rio Purus

Pelo Purus haviam passado alguns desbravadores em busca do conhecimento e da fortuna, muitos em busca da simples sobrevivência, idealistas buscando estender nossas fronteiras pela força do direito, e guerreiros tentando fazê-lo pelo direito da força. O Purus não é apenas um Rio, mas um protagonista que, junto com homens de valor, gravou belas páginas na história da nossa nação. Homens que enfrentaram o desconhecido, que subjugaram a mata, que a analisaram, estudaram, mas também homens que tiveram suas vidas arrebatadas pela força da natureza e cujos destinos foram manipulados inexoravelmente pelas titânicas energias telúricas. O Purus merece nosso respeito pelo que foi, pelo que é e pelas contraditórias passagens levadas a efeito na sua calha. Um Rio patriota que guarda nas suas águas as imagens imaculadas de um Plácido de Castro e de um Euclides da Cunha. Um Rio de ambição e sem consciência, que reflete as carrancas dos ambiciosos seringalistas que escravizaram os seringueiros nordestinos e suas famílias. O Purus pré-histórico é tudo isso e muito mais. Nas suas calhas, foram descobertos os restos de gigantescos animais, como o “Purusaurus brasiliensis” de 15 a 20 metros de comprimento que dominava as águas no Lago Pebas. O Purusaurus viveu de 5 a 6 milhões de anos atrás e provavelmente foi o maior dos crocodilianos gigantes extintos.

Nosso preito de respeito a esta artéria viva da nacionalidade brasileira que reflete, nas suas águas, a pujança de uma raça do porvir, alicerçada no invulgar passado, mas com os corações e mentes voltados para o futuro.

-  Encerramento dos Trabalhos de Campo da Expedição GBM


Convidamos aos amigos que acompanharam fielmente nossa jornada cívica a comemorar nossa chegada às 15 horas, do dia 10 de março de 2013, no porto do Centro de Embarcações do Comando Militar da Amazônia. Participe e\ou convide seus amigos a fazer parte da escolta fluvial no Rio Negro ou do congraçamento nas instalações do CECMA.

_________________________________________________________________


Coari - Codajás

Coari - Codajás

Hiram Reis e Silva, Codajás, Amazonas, 04 de março de 2013.


Solicitamos o apoio de uma viatura da Polícia Militar para nos levar do Hotel LH até o Flutuante Mercadinho Paulão, de propriedade do Sr. Paulo Lopes de Oliveira. Estávamos desembarcando as tralhas e o Sr. Paulo veio, pessoalmente, abrir o depósito onde deixáramos o motor rabeta e outros materiais.

-  Partida para Codajás (03.03.2013)

Partimos, eu e o Marçal às 04h45 deixando o Mário para trás arrumando os badulaques na lancha Mirandinha. Iríamos enfrentar o maior percurso desde a Foz do Breu (141 km) e precisávamos iniciar cedo nosso deslocamento. Remamos lentamente afundando nossos remos nas negras águas do Lago Coari e fomos aos poucos aumentando o ritmo e deixando para trás as luzes da cidade.

Quando desci o Solimões, de Tabatinga a Manaus, em janeiro de 2009, fui muito bem recebido pelo Major PM Denildo e os Secretários do Prefeito de Coari, recém eleito. Acompanhado por eles conheci a Cidade do Gás e fui informado dos diversos projetos que seriam levados avante pela nova administração. É com tristeza que verifico que muito pouco foi feito, definitivamente a cidade estava muito menos atraente do que há 4 anos.

O Sol só apareceu quando nos encontrávamos próximos à Boca do Lago Mamiá, as águas rápidas do Solimões facilitavam o deslocamento e estávamos confiantes de atingir Codajás antes das 17 horas. Quando estávamos passando ao largo da Comunidade São Francisco do Camarazinho, fizemos a primeira parada, às nove horas, acostando na Mirandinha, no meio do Rio para abastecer os cantis e comer bananas. Havíamos remado 51 km até então, faltavam 90. Pedi ao Mário para fotografar a Escolinha onde eu pernoitara, no dia 11.01.2009, a decadente Escolinha de então tinha sido reformada, pintada e ganhara novo telhado.

Depois do breve descanso continuamos nossa jornada. Até então o dia nublado bloqueara os raios solares propiciando uma manhã bastante agradável. Parecia que São Pedro estava disposto a colaborar com nossa progressão. Depois de remar por mais uma hora começamos a prestar a atenção nas plúmbeas nuvens que se formavam à nossa proa. Exatamente às 11 horas a tempestade chegou, mas como estávamos acompanhando sua evolução, já há algum tempo, acostamos aguardando as rajadas mais fortes passarem. Aguardamos apenas uns 10 minutos antes continuar, os ventos de proa e a chuva eram agora mais fracos e só tínhamos que nos preocupar com os banzeiros.

Curiosamente eu enfrentara a pior tempestade de minha descida pelo Solimões exatamente nesta mesma região.

Estávamos a meio caminho quando o tempo fechou, trazendo consigo chuva forte e ondas de 60 cm. Determinei ao Romeu que mantivesse contato visual, não cheguei a colocar a saia, pois conseguia evitar que a água entrasse no caiaque jogando o corpo para trás, evitando que o caiaque afundasse muito a proa. As ondas eram bem menores do que aquelas que normalmente enfrentei no Guaíba e Lagoa dos Patos.

Aqui, também, perdera minha bússola sueca “Silva” que me acompanhara desde os tempos de Aspirante há mais de três décadas. Ela mergulhou celeremente nas águas lamacentas do velho Rio e as notas do “Dies Irae” soaram nos meus ouvidos numa justa homenagem à velha amiga.

A velha bússola participara, ombro a ombro, de diversas competições, pistas de orientação, manobras, montagem de exercícios, marchas, uma série infindável de momentos, sempre apontando o rumo correto. As imagens de competições de Pelopes, as montagens de pistas de orientação em que ela era minha parceira inseparável e as pistas que juntos executamos, tudo isso veio, na época, à minha mente junto com o som do Requiem imaginário.

O “Requiem Dies Irae”, de Wolfgang Amadeus Mozart, está envolto por um manto de mistério, romantismo e fantasia. A obra foi encomendada pelo Conde Walsegg-Stuppach, em memória de sua esposa, e Mozart, atarefado e doente, foi compondo o Requiem quando podia, dando mais importância a outras obras.

A esposa estava preocupada com a mudança no seu comportamento. Um dia, quando passeava com o marido com intuito de animá-lo, Mozart disse que estava escrevendo o “Requiem” para si próprio afirmando: “eu não consigo tirar da minha cabeça a imagem desse estranho. Vejo-o constantemente a me perguntar, solicitando-me e implorando-me impacientemente que complete a tarefa, é o meu Requiem, não o posso deixar inacabado”.

Infelizmente a morte interrompeu o mais belo Requiem produzido até hoje pelo maior de todos compositores clássicos. Mozart faleceu no dia 05 de dezembro de 1791 e, finalmente, o “Requiem” foi concluído pelo seu discípulo Franz Xaver Sussmayr. (Nota do autor)

Enfrentamos banzeiros, com ondas de até um metro, durante boa parte do tempo até nos aproximarmos de Codajás. A vantagem é que o Rio agora bem mais estreito aumentava a velocidade das águas permitindo-nos atingir até 17 km/h.

Aportamos nas proximidades do porto de Codajás às 15h05. O Cb Mário, que, a meu pedido, chegara meia hora antes, já acordara com o “Pisca” um flutuante para guardar as embarcações, o material e contatara nossos caros parceiros da Polícia Militar do Estado do Amazonas.

-  Hospitalidade da Polícia Militar

Hospitalidade
(Jayme Caetano Braun)



No linguajar barbaresco
E xucro da minha gente
Teu sentido é diferente,
Substantivo bendito,
Pois desde o primeiro grito
De “o de casa” dado aqui,
O Rio Grande fez de ti
O mais sacrossanto rito!

Não há rancho miserável
Da nossa terra querida,
Onde não sejas cumprida
No mais campeiro rigor,
Porque Deus Nosso Senhor
Quando te botou carona,
Já te largou redomona
Sem baldas de crença ou cor!

Dizem uns, que te trouxeram
De Espanha e de Portugal
E que neste chão bagual
Criaste novo sentido,
E o que além era vendido
Transformou-se aqui num culto
Onde o dinheiro é um insulto
Com violência repelido!

Tenho prá mim que és crioula
Do velho pago infinito
Onde até o índio proscrito
Egresso da sociedade
Na xucra fraternidade
Dos deserdados da sorte
Não respeita nem a Morte,
Mas cumpre a Hospitalidade! (...)



Fomos cortesmente recepcionados pelos Cabos PM Francisco Valmir de Souza Pereira e Gilmar Simplício Nazário. Por mais uma destas amazônicas coincidências tínhamos encontrado o Cb PM Simplício, na nossa descida pelo Solimões na cidade de São Paulo de Olivença, AM. A dupla nos levou até o hotel onde pernoitaríamos e, logo depois, o Cabo PM Valmir nos obsequiou com um lauto almoço em sua residência. Os gaúchos se ufanam, e com razão, de serem corteses e hospitaleiros, mas devemos nos lembrar que estas qualidades desconhecem fronteiras. Volta e meia, nas nossas amazônicas andanças, somos brindados com estas tão caras qualidades que não respeitam fronteira, crença ou cor. Plagiando Caetano Braun, o augusto poeta do meu abençoado rincão – a hospitalidade é um laço bem grosso e de armada grande que Deus trançou, p’rá que ande, apresilhado nos tentos do coração das “criaturas livres e de bons costumes” de todas as querências!

-  Encerramento dos Trabalhos de Campo da Expedição GBM

Convidamos aos amigos que acompanharam fielmente nossa jornada cívica a comemorar nossa chegada às 15 horas, do dia 10 de março de 2013, no porto do Centro de Embarcações do Comando Militar da Amazônia. Participe e\ou convide seus amigos a fazer parte da escolta fluvial no Rio Negro ou do congraçamento nas instalações do CECMA.


_________________________________________________________________



O Juruá que eu vi!

O Juruá que eu vi!

Hiram Reis e Silva, Coari, Amazonas, 02 de março de 2013.

Recebo carta amiga contando a morte de Gastão CRULS (...) Imagino a saudade com que todos estão recordando aqueles convites para a Rua Amado Vervo, na pequena casa decorada com lembranças da viagem ao Amazonas, o sorriso enternecido à lembrança de suas brincadeiras, que tinham um perfume de meninice, de primeiro-de-abril antigo – os presentinhos anônimos, os cartões disparatados que deixavam risonhos e intrigados os seus destinatários.
(Rachel de Queiroz – Revista O Cruzeiro – 29 de Agosto de 1959)

O título acima é uma homenagem, uma humilde paródia à obra do grande escritor Gastão Cruls que resolveu visitar pessoalmente a Amazônia para só então escrever sua segunda obra sobre assuntos atinentes à nossa hileia. Cruls tomou esta decisão depois de ver sua obra – “A Amazônia Misteriosa” – ser severamente condenada pela crítica especializada.

-  Gastão Luís Cruls

Gastão Cruls, filho de Dr. Luís Cruls, foi médico sanitarista, geógrafo, astrônomo e romancista, nasceu no antigo Observatório Astronômico do Morro do Castelo, na cidade do Rio de Janeiro, em 4 de maio de 1888, e nela faleceu a 7 de junho de 1959. Iniciou seus estudos no Colégio Rush. Com a transferência da família Cruls para Petrópolis, foi matriculado no Ginásio Fluminense que ao encerrar suas atividades, obrigou-o a continuar os estudos no Colégio São Vicente de Paula. Retornando ao Rio de Janeiro, conclui o secundário no Colégio Pedro II. Formou-se em Medicina em 1910, especializando-se em Medicina Sanitária. Gastão Cruls estudou Medicina por vontade própria, mas logo depois de formado, teve dificuldade em se adaptar às atividades profissionais e foi se afastando progressivamente de procedimentos que o levassem a manter contato com pacientes.

Sob o pseudônimo de Sérgio Espínola, começou a escrever seus primeiros contos nos idos de 1914, que mais tarde condensou em um único volume, editado em 1920, sob o nome de “Coivara”. A obra, porém, que lhe deu maior renome foi “A Amazônia Misteriosa”, em 1925 e, graças ao sucesso obtido, a partir de 1926 dedicou-se exclusivamente à literatura. “A Amazônia Misteriosa” foi baseada nas mitológicas Amazonas, e transformado em filme em 2005, com o título de “Um Lobisomem na Amazônia”. A sua obra tinha como cenário a região Norte do país, ainda desconhecida pessoalmente pelo autor.

Em 1928, Cruls resolveu conhecê-la pessoalmente acompanhando a expedição do General Rondon, que subiu o Rio Cuminá até os campos do Tumucumaque nos anos de 1928 e 1929. A viagem iniciou a 13 de setembro de 1928 e Cruls retornou após ter chegado aos campos situados ao Sul da Cordilheira do Tumucumaque, seguindo o conselho de Rondon, enquanto esse e sua equipe continuaram até chegar às próprias Cordilheiras.

O livro “A Amazônia que eu vi” é fruto dessa jornada que Cruls narra na forma de Diário de Viagem. O relato de Cruls, ao contrário dos demais pesquisadores que o antecederam, não tinha nenhum foco econômico ou científico, já que outros integrantes da equipe se encarregavam desses aspectos, sua função na expedição era simplesmente de ser o seu “cronista”. Cruls demonstra, ao contrário dos viajantes europeus e norte-americanos que o antecederam, um profundo respeito pela cultura regional, reportando as informações colhidas junto aos membros mais humildes da expedição.

-  O Juruá que eu vi!

“Ser bandeirante é deixar atrás a casa e família, o bem estar e a segurança, para perseguir o sonho e tentar a casa da glória, é viver silencioso e otimista na brenha onde não há rumos, no campo onde não há divisas, estremecer às vezes de febre, mas nunca tremer de medo, é sofrer com alegria o sol dos chapadões e resistir sem queixa nos aguaceiros de dezembro, é combater no varejo as cachoeiras e investir, de simples facão à cinta, contra a floresta.”
(Gofredo T. da Silva Teles)

As tensões e dúvidas da fase de planejamento da Expedição General Belarmino Mendonça deram lugar, desde a primeira batida do remo nas convulsas águas do Rio Juruá, a um período mesclado de puro encantamento e uma espartana determinação de vencer as barreiras impostas pelo inimigo oculto. Adversário este representado pela natureza por vezes hostil ou pela incompreensão de raros camaradas que ainda não se deram conta da grandeza do trabalho que ali estávamos realizando. Partimos confiantes, totalmente focados na missão idealizada pelo caro mestre e amigo Tenente-Coronel Eng Lauro Augusto Andrade Pastor Almeida e referendada pelo o General de Exército Eduardo Dias da Costa Villas Bôas, Comandante Militar da Amazônia.

Os Rios precisam e devem ser considerados como organismos vivos. A vida que pulsa nas suas águas e no seu entorno justifica esta afirmativa. Os Rios de planície, como é o caso do nosso Juruá, encontram-se na fase de uma adolescência indômita que está por se descobrir a cada momento e que atinge seus momentos de fúria nas grandes alagações. O curso se altera a cada inverno mais rigoroso transformando antigos furos em novo leito, desembaraçando-se de longas, demoradas e tortuosas voltas para buscar novos e mais rápidos rumos. Os sacados abandonados tornam-se piscosos lagos negros que por vezes simplesmente desaparecem aterrados pelos sedimentos. A vegetação da várzea que se entrelaça aprisiona entulhos favorecendo este assoreamento. As grandes toras de madeiras, por sua vez, represam detritos de todo tipo formando depois de algum tempo bancos de areia capazes de alterar o talvegue do Rio menino. Observando atentamente uma fotografia aérea da Bacia do mais sinuoso dos Rios podemos visualizar como se processa esta dinâmica hídrica. Marginam o juvenil Juruá jovens sacados, antigos e assoreados lagos, imensos igapós e poucos e tortuosos igarapés indecisos a esmar horizontes e que volta e meia toleram que o Juruá lhes furte o próprio leito ao moldar ilhas como Marari, Chué ou a enorme Antonina.

Percorremos, portanto, um Juruá que ainda busca seu leito definitivo. Um Rio que carrega no seu DNA as tradições do avô Amazonas que corria para o Pacífico nos tempos da Pangeia e do seu pai o Lago Pebas formado pela deriva continental quando os Andes se ergueram bloqueando a foz do velho Rio amazonas.

“A sumaumeira morta, que tombou.
Ela era antiga e gloriosa
Como um deus que passou,
Que vai bem longe, um deus heroico, um deus pagão”.
(Francisco Pereira da Silva, Pereirinha - Sumaumeira morta)

Guardaremos para sempre a imagem das belas sapopemas das sumaumeiras que sobranceiras guardam a floresta sob suas imensas e magníficas copas em todo o estado do Acre. Infelizmente, rapinantes cruéis praticamente as eliminaram da calha do Juruá no Estado do Amazonas e somente voltamos a avistá-las a jusante da Cidade de Juruá e no Rio Solimões.

O som gutural dos guaribas também chamou-nos a atenção, assim como as formidáveis sumaumeiras. Uma bela sinfonia castrada, aniquilada da aurora ou dos dias chuvosos em todo o Estado do Acre e nos municípios de Guajará e Ipixúna, no Estado do Amazonas. Teríamos uma justificativa técnica para isso ou seria simplesmente extermínio, o holocausto de uma espécie, já que sua carne é muito apreciada no cardápio ribeirinho?

As araras e botos, em contrapartida, nos deliciaram com suas aparições em toda a calha do Juruá e só começamos a sentir rarear sua presença ao navegarmos pelo Solimões.

O carinho e a atenção dos moradores da maioria das Comunidades ficarão eternamente marcados nos nossos corações e mentes. Em Carauari e Juruá, porém, o que marcou-nos foi o terror, sem fundamento, que os mesmos tinham pelos dois inocentes canoístas. Em algumas Comunidades mais alienadas não nos permitiram que se estabelecesse o contraditório, que nos defendêssemos, não consentiram ao menos que nos apresentássemos e expuséssemos nossas intenções simplesmente nos negando a cristã hospitalidade.

-  Mensagem a Garcia

Iniciei minha jornada acompanhado de dois Soldados do Grupo Fluvial do 8º BEC, Santarém, Pará, o Soldado Mário Elder Guimarães Marinho, apoio logístico, e o Sd Marçal Washington Barbosa Santos nosso cozinheiro e canoísta. Durante a viagem, no dia 1º de fevereiro, quando partíamos da Morada Nova para a Boca do Preguiça o Mário foi merecidamente promovido a Cabo. Mais uma vez quero deixar aqui registrado que se conseguimos abreviar a missão cumprindo todas as etapas propostas devo isso, sobretudo, à competência e a dedicação que esses dois militares dedicarem diuturnamente à missão não se desviando jamais dos objetivos almejados.

Meus parceiros nunca reclamaram das dificuldades enfrentadas, eles tinham sido voluntários para a missão e quando eu lhes apresentava um desafio ainda maior que os já superados eles simplesmente sorriam e vibravam. Assim foi quando disse que precisávamos vencer os 235 km entre a cidade de Juruá e a Comunidade de Tamaniquá e os 229 km entre Tefé e Coari em apenas dois dias ou o de agora de aportarmos em Codajás depois de um dia de viagem remando 138 km. Meus parceiros pertencem a um raro, seleto e cada vez mais escasso punhado de homens capazes de entregar uma “Mensagem a Garcia”.

Para aqueles que não conhecem a história:

O Presidente norte-americano William Mac Kinley (1843-1901) quando irrompeu a Guerra entre a Espanha e os Estados Unidos, precisava comunicar-se, rapidamente, com o chefe dos revoltosos Major-general cubano Calixto Ramón García Iñiguez (1836-1898) que se encontrava em uma fortaleza desconhecida, no interior do sertão cubano. O Presidente Mac Kinley entregou ao Coronel Andrew Summers Rowan (1857-1943) uma carta destinada ao insurreto García. Rowan tomou-a, nada perguntou e cumpriu, sem pestanejar, a missão de encontrar e entregar a mensagem a Garcia.


-  Encerramento dos trabalhos de campo da Expedição GBM

Convidamos aos amigos que acompanharam fielmente nossa jornada cívica a comemorar nossa chegada às 15 horas, do dia 10 de março de 2013, no porto do Centro de Embarcações do Comando militar da Amazônia. Participe e\ou convide seus amigos a fazer parte da escolta fluvial no Rio Negro ou do congraçamento nas instalações do CECMA.


_________________________________________________________________