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quinta-feira, 3 de julho de 2008

Projeto-Aventura Desafiando o Rio-Mar - “Novos Rumos”

Projeto-Aventura Desafiando o Rio-Mar - “Novos Rumos”


“Há mais pessoas que desistem do que pessoas que fracassam”. (Henry Ford)

- Determinação

Sempre procurei mostrar àqueles com quem convivo que jamais devemos estar satisfeitos com o que somos; que devemos, sempre e sempre, buscar o aperfeiçoamento em todos os níveis, seja espiritual, físico, mental ou intelectual. Com o passar dos anos, uma natural acomodação é capaz de nos conduzir à mesmice, à estagnação. Devemos combater essa tendência, com todas as nossas forças, com autodisciplina, superação, estabelecendo objetivos definidos. Não devemos ter receio de tentar, medo de fracassar. O perdedor é o que não arrisca e não o que falha tentando. No palco da vida, temos de ser os protagonistas não os coadjuvantes.

- ‘À espera de um milagre’

“A partida para o Alto Purus é ainda o meu maior, o meu mais belo e arrojado ideal. Partirei sem temores; e nada absolutamente me demoverá de tal propósito”. (Euclides da Cunha)

Foi com esta convicção, minha paixão extrema pela esposa enferma, minha fé inquebrantável no Grande Arquiteto do Universo e na sua capacidade de operar milagres, meu amor pela Amazônia e pelas águas, que nasceu o ‘Projeto-Aventura Desafiando o Rio-Mar’. O projeto tem como objetivo fundamental despertar a juventude brasileira para que exerça, desde já, uma pressão cidadã, no sentido de reverter as nefastas ações que afligem nossa Hiléia, exigindo das autoridades providências que contemplem o meio ambiente e os povos da floresta, sem contudo, negligenciar a soberania nacional.

Nosso intuito era executá-lo depois de sairmos do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA) em 2010, mas o corpo docente e discente, ao tomar conhecimento do nosso plano, sugeriu transformar o projeto do Coronel Hiram em um Projeto do CMPA. Começaram, então, entusiasticamente a desenvolver um acurado planejamento de modo a contemplar todas as disciplinas e clubes de maneira a torná-lo um projeto interdisciplinar e multidisciplinar. Devido a esse envolvimento da comunidade escolar do CMPA, fomos levados a antecipá-lo e programá-lo para o período de 1° de Outubro de 2008 a 04 de fevereiro de 2009.

- Um Projeto de Soberania

A proposta original consistia em descer o Rio Solimões/Amazonas (Tabatinga/AM - Belém/PA) de caiaque, reconhecer seus principais afluentes, observar a fauna, flora, hidrografia, relevo, entrevistar autoridades locais e representantes dos povos da floresta. A escolha do caiaque se baseou em dois requisitos fundamentais: experiência como canoísta profissional e respeito à natureza. A experiência já havia sido consagrada nas águas do Mato Grosso do Sul onde conquistamos o campeonato estadual em 1989, singrando águas brancas, quedas d’água e provas de longa distância. Numa época em que tanto se propugna pelo respeito à natureza, o caiaque sintetiza o meio de transporte ideal para ser usado na ‘Terra das Águas’. Seu deslocamento silente não afugenta, não atemoriza a fauna; as remadas firmes e cadenciadas seguem o ritmo da natureza sem agredir a flora e a ausência de motores à combustão não polui, não macula os rios.

- Apresentação e Treinamento

No dia 21 de junho de 2007, no salão Brasil do CMPA do velho Casarão da Várzea, lançamos, em nome do Colégio Militar e da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS), oficialmente o Projeto. O evento contou com a presença de todos os professores, representação de alunos, autoridades, empresários e imprensa de Porto Alegre. A partir de então, com muito esforço e apoio de familiares, amigos e professores conseguimos adquirir parte dos equipamentos necessários e manter um treinamento rígido em que estabelecemos obstáculos bem superiores aos que iremos enfrentar na ‘terra das amazonas’. Em um ano, percorremos uma distância equivalente à navegação do Chuí, extremo sul do país, ao Suriname. Enfrentamos, no Lago Guaíba e Lagoa dos Patos, ondas de até 1,5 metros, ventos de 30 nós e temperaturas extremas. Procurando testar nossos limites, estabelecemos percursos superiores a 70 quilômetros de extensão e, em todas as oportunidades, tivemos a satisfação de atingir com sucesso as metas propostas. A mais arrojada destas provas foi, sem dúvida, o ‘Desafio Professora Silvana Pineda’, quando cruzamos o farol de Itapoã e superamos os umbrais da Lagoa dos Patos em uma navegação de 80 quilômetros em 11 horas. Uma prova que se iniciou às quatro horas da madrugada na mágica noite do dia 07 de fevereiro de 2008 em que as estrelas cadentes e o céu claro nos brindaram com sua esfuziante beleza. A chegada, exatamente às 18:00, após ter conseguido manter o mesmo e compassado ritmo dos 4 nós por hora, nos convenceu de que estamos preparados.

- Óbices

“Quando surge um problema, você tem duas alternativas: ou fica se lamentando, ou procura uma solução. Nunca devemos esmorecer diante das dificuldades. Os fracos se intimidam. Os fortes abrem as portas e acendem as luzes”. (Dalai Lama)

Infelizmente, as organizações a que o CMPA está diretamente subordinado, que são respectivamente a Diretoria de Ensino Preparatório e Assistencial (DEPA) e o Departamento de Ensino e Pesquisa (DEP), entenderam que o projeto não era de interesse do Sistema Colégio Militar e por isso não autorizavam a realização do mesmo. Como militar não nos cabe julgar as decisões dos superiores hierárquicos e partimos para a busca de uma alternativa. A solução, finalmente encontrada, com o apoio irrestrito de nosso Comandante, Coronel Paulo Contieri, foi a de pedirmos rescisão do contrato com o Colégio nos meses de Dezembro e Janeiro e tentarmos a recontratação a partir de fevereiro de 2009. As mudanças no projeto ocorreram tendo em vista que não podíamos passar quatro meses sem os vencimentos de professor sem comprometer as despesas relativas ao tratamento médico de minha esposa. Por estas razões, o Projeto foi, então, limitado a dois meses (Dezembro-Janeiro), com saída prevista de Tabatinga em 1º de dezembro de 2008 e chegada à Manaus em 29 de Janeiro de 2009. Pretendemos, se Deus permitir, dar continuidade ao mesmo nos anos seguintes.

- Boas Novas

Em contraposição aos óbices que nos foram impostos, alguns aspectos positivos se apresentaram. Contamos, agora, com dois fiéis companheiros de viagem: o Coronel Flávio André Teixeira, ex-aluno do CMPA, e a veterana canoísta Fabiola Verga. A Polícia Militar do estado do Amazonas (PM/AM), seguindo determinação de seu comandante, Coronel Dan Câmara, vai nos apoiar com pousada e alimentação nas localidades em que paramos para o pernoite e que possuam destacamentos da organização. Graças a uma feliz coincidência, o atual sub-comandante da PM/AM, Tenente Coronel PM Luiz Cláudio Leão, o então estagiário 16, um grande e especial amigo, concluiu conosco o Curso de Operações na Selva em 1999 no CIGS. Apesar de acenos entusiásticos de diversas empresas gaúchas, conseguimos, graças à intervenção pessoal do vereador do estado do Rio de Janeiro Ricardo Moura de Albuquerque Maranhão, o patrocínio, até agora exclusivo, da PETROBRÁS.

- Conclusão

“Prossiga na missão”, (General Joaquim Silva e Luna)

Independente de todas as dificuldades encontradas, de todos os obstáculos que ainda possam surgir, eu, acompanhado de meus fiéis parceiros e apoiado pela PETROBRÁS e por abnegados amigos, cumprirei, parodiando as palavras de ilustre brasileiro Euclides da Cunha, ‘meu mais belo e arrojado ideal’. Não perdemos as esperanças de que ainda surjam outros patrocinadores que se identifiquem com o tema e se preocupem com a soberania nacional.