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domingo, 23 de setembro de 2012

Caucheiros Peruanos

Continuamos nossas pesquisas iniciais sobre os eventos históricos relativos à Bacia do Juruá. Pretendemos complementá-las “in loco” adquirindo obras de autores locais e entrevistando personagens acreanos e amazonenses das Cidades, Comunidades e população ribeirinha local. Reproduzimos um dos capítulos do livro relativo aos caucheiros.
Realmente, o caucheiro não é apenas um tipo inédito na História. É, sobretudo, antinômico e paradoxal. No mais pormenorizado quadro etnográfico não há lugar para ele. A princípio figura-se-nos um caso vulgar de civilizado que se barbariza, num recuo espantoso em que se lhe apagam os caracteres superiores nas formas primitivas da atividade.  (Euclides da Cunha – Paraíso Perdido)

Euclides da Cunha faz uma narrativa contundente do “modus operandi” dos caucheiros peruanos que algum tempo depois dos pioneiros brasileiros começaram a penetrar na região marcando sua presença a ferro e a fogo. Os caucheiros estavam condenados a uma vida errante e tumultuária totalmente voltada ao extermínio dos silvícolas e à destruição da Hiléia. A “Castilloa elástica” de onde extraem a borracha não permite uma exploração continuada, é frágil e depois de golpeada definha e morre.
A técnica do caucheiro consiste, então, em abatê-la, cortá-la em toras de aproximadamente um metro, fazer cortes profundos para extrair o leite que escorre para dentro das rasas cavidades retangulares escavadas no chão. Quando o produto solidifica, ele o retira e dá algumas pancadas para limpar a areia e o barro aderido. Em pouco tempo, arrasado o cauchal, há necessidade de buscar novas fontes da goma e os “caçadores de árvores” partem na sua cíclica sanha.
Quando Carlos Fiscarrald chegou em 1892 às cabeceiras do Madre-de-Dios, vindo do Ucaiali pelo varadouro aberto no istmo que lhe conserva o nome, procurou captar do melhor modo os Mashcos indomáveis que as senhoreavam. Trazia entre os Piros que conquistara um intérprete inteligente e leal.
Conseguiu sem dificuldades ver e conversar o curaca selvagem. A conferência foi rápida e curiosíssima. O notável explorador, depois de apresentar ao “infiel” os recursos que trazia e o seu pequeno exército, onde se misturavam as fisionomias díspares das tribos que subjugara, tentou demonstrar-lhe as vantagens da aliança que lhe oferecia contrapostas aos inconvenientes de uma luta desastrosa. Por única resposta o Mashco perguntou-lhe pelas flechas que trazia. E Fiscarrald entregou-lhe, sorrindo, uma cápsula de Winchester.
O selvagem examinou-a, longo tempo, absorto ante a pequenez do projétil. Procurou, debalde, ferir-se, roçando rijamente a bala contra o peito. Não o conseguindo, tomou uma de suas flechas; cravou-a de golpe, no outro braço, varando-o. Sorriu, por sua vez, indiferente à dor, contemplando com orgulho o seu próprio sangue que esguichava... e sem dizer palavra deu as costas ao sertanista surpreendido, voltando para o seu tolderio com a ilusão de uma superioridade que a breve trecho seria inteiramente desfeita.
De fato, meia hora depois, cerca de cem Mashcos, inclusive o chefe recalcitrante e ingênuo, jaziam trucidados sobre a margem, cujo nome, Playamashcos, ainda hoje relembra este sanguinolento episódio...
Assim vai desbravando-se a região bravia. Varejadas as redondezas, mortos ou escravizados num raio de poucas léguas os aborígines, os caucheiros agitam-se febrilmente na azáfama estonteadora. Em alguns meses ao lado do primitivo tambo multiplicam-se outros; a casucha solitária transmuda-se em amplo barracone ou embarcadero ruidoso; e adensam-se por vezes as vivendas em caserios, a exemplo de Cocama e Curanja, à margem do Purus, a espelharem, repentinamente, no deserto, a miragem de um progresso que surge, se desenvolve e acaba num decênio.
Os caucheiros ali estacionam até que caia o último pé de caucho. Chegam, destroem, vão-se embora. O historiador José Moreira Brandão Castello Branco publicou o artigo “Peruanos na Região Acreana”, em 1959, no Volume 244, da Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. (CUNHA)
-  Peruanos na Região Acreana
Recolhemos da Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Volume 244, do ano de 1959, o artigo “Peruanos na Região Acreana” no qual o historiador José Moreira Brandão Castello Branco, confirma o que todos os pesquisadores nacionais e estrangeiros asseveram – de que os caucheiros peruanos ao chegarem à região do Alto-Juruá e Alto-Purus ali encontraram brasileiros já instalados explorando e comercializando a goma elástica e  outros produtos da floresta.
Diz o escritor peruano Jorge M. von Kassel que a região do Juruá e Tarauacá foi conquistada pelos caucheiros peruanos após sangrentos encontros com o gentio local que até então impedira os brasileiros de explorarem os seringais ali abundantes. Não é exato que assim houvesse acontecido.
Cheguei ao alto Juruá (Foz do Amônea), em abril de 1909, época em que ainda viviam diversos dos seus desbravadores ou fundadores de seringais, dos quais indaguei o que havia a respeito da conquista da terra, não só por escrito, como verbalmente. Relataram-me atritos e colisões com os indígenas da região, únicos senhores da basta floresta, naqueles tempos, cujas tabas se viam, de longe em longe, na orla de algum espraiado barranco, lago, no cimo de um outeiro, ou no recesso da mataria, sem topar com um só caucheiro peruano, ou gente de qualquer outra nacionalidade.
Segundo cartas e notas fornecidas pelos seringalistas Jose Inácio da Silva. Miguel de Aguiar Picanço, Júlio Pereira Roque e Custódio Miguel dos Anjos, além de outros; os dois primeiros desbravadores e fundadores de seringais na Bacia do Juruá, o terceiro na do Tarauacá e o quarto na do Purus: sendo que Picanço penetrou no Rio Juruá, em 1870, e Custódio, no Purus, em 1877. Guilherme da Cunha Correia, dono do seringal Concórdia, no Baixo Juruá, e filho de João da Cunha Correia, diretor este dos índios do Juruá, desde 1854, descobridor do Juruá, Jurupari e Purus, acreanos, em 1858, reforça esta asserção em carta que me escreveu, em 1923, pág. 6: dizendo o Padre Constantino Tastevin que, antes da invasão dos nordestinos brasileiros, o Rio Muru (Tarauacá), só era habitado por selvagens. (Le Fleuve Muru, in la Geographie, Paris, Tomo XLIII, pág. 413).
Para os peruanos, o Limite entre o Brasil e o Peru, era o delineado pelo Tratado de Santo Ildefonso (1777), baliza esta que segundo o Capitão de navio D. F. Henrique Espinar, chefe de uma Comissão Cientifica oficial da república do Peru, no Rio Juruá incidia no seringal Adélia, a jusante da atual fronteira acre-amazonense, cerca de duzentas milhas, e no Rio Gregório, ainda mais abaixo deste paralelo: terras estas descobertas pelo brasileiro João da Cunha Correia, do fim de 1857 ao princípio de 1858, e atingidas pelos emigrantes do Nordeste brasileiro cerca de 1883 que, neste ano, já estavam se estabelecendo na foz do Rio Liberdade, situado a mais de 160 milhas acima do Rio Gregório e a quase cem do seringal Adélia. Como se vê, as pretensões dos nossos vizinhos firmavam-se nas antigas cédulas reais espanholas, apesar de Portugal, o império e o governo republicano brasileiros, jamais as admitirem, e os Tratados de 1841 — (art. 14) e de 1851 (art. 7°), assinados pelo Peru e Brasil, haverem reconhecido o princípio do “uti possidetis” para regular esses limites.
A notícia mais antiga da convergência de caucheiros peruanos para o vale do Juruá, que deparamos, foi-nos proporcionada pelo demarcador, Capitão Tenente Cunha Gomes, Chefe da Comissão Brasileira que fez o reconhecimento do Rio Javari, em 1897, o qual adianta que, exterminados os cauchais das terras firmes do Rio Jaquirana (Alto-Javari), os referidos caucheiros retiraram-se para os Vales do Jutaí e Juruá, onde hoje exploram essa indústria; dando, assim a entender que em 1896, ou antes, já eles se aproximavam dessas ribeiras.
O Barão do Rio Branco admite essa invasão no correr de 1896, ano em que, segundo um dos desbravadores do Alto-Juruá, o peruano Vicente Mayna fundou um Arraial no local em que atualmente se encontra a Vila de Porto Valter, não com o fim de negociar e tão somente de explorar os cauchais vizinhos.
É certo que os peruanos Pedro José e Sebastião Sevalho, pelo meado do século XIX, subiram o Rio Juruá, na coleta de ovos de tartaruga e óleo de copaíba, fundando mais tarde, os dois, uma sociedade mercantil que se denominou Sebayo & Hermano, na seção inferior desse mesmo Rio.
Isto, porém, foi devido a ação de João da Cunha Correia, paraense que descobriu o Juruá acreano, em 1858, e cerca de 1860, convidou algumas pessoas de Fonte Boa, no Solimões, para negociarem no Rio Juruá e, entre elas se achavam esses dois Sevalhos, que ali ficaram como comitentes da grande firma paraense João Augusto Correia e Companhia.
Em 1869, trabalhavam em borracha, no seringal Mari-Mari, a 490 milhas da foz do Juruá, Bonifácio José e Daniel Antônio Sevalho os quais parecem descendentes de Pedro ou Sebastião Sevalho e talvez, já brasileiros.
A Vicente Mayna, seguiram-se outros caucheiros seus patrícios, tanto que, em 1897, a firma Hidalgo Ruiz e Co. arrendou o lugar “Centro Brasileiro” situado a jusante da foz do Rio Moa, ao brasileiro Antônio Marques de Meneses, vulgo Pernambuco, denominação aquela que a firma alterou para “Centro Peruano”, e como Pernambuco protestasse, obrigando-a a respeitar o título que figurava no contrato de arrendamento, um francês, sócio ou empregado da firma, lembrou a designação “Eureka-Centro Peruano” para o estabelecimento recentemente inaugurado: quando o Rio Juruá, da atual fronteira acro-amazonense até o Rio Breu, extrema do Brasil com o Peru, estava explorado por brasileiros desde 1890, os quais no ano seguinte, já tinham posses de terras, em lugares que alcançavam a Boca do Rio Vacapistéa, dezenas de milhas acima do limite das duas nações.
Para apoiar Hidalgo Ruiz, no mesmo ano, o governo peruano enviou um Destacamento Militar, pelo varadouro que vai das águas do Ucaiali para o Rio Juruá-mirim, força esta que foi repelida pelos seringueiros brasileiros ali residentes.
Ainda neste ano, surgiu no Rio Amônea, um grupo de peruanos vindos pelo Rio Tamaya, de onde passaram para as estradas de seringueiras abertas por fregueses do industrial brasileiro Luis de Melo, no igarapé Cocanaya, contribuinte da margem esquerda do referido Amônea, os quais vinham perseguidos pelo patrão que os alcançou na confluência deste Rio com o Juruá, em cujo Porto se achava a lancha Tauaré, da firma paraense Melo e Cia. Compadecendo-se Luis de Melo do estado miserável desses fugitivos, ressarciu os prejuízos do patrão deles e os tomou ao seu serviço.
Como se vê, não eram desbravadores, e, apenas, indivíduos que procuravam se instalar na região para fundar centros de extração de caucho ou se dedicarem a serviços pertinentes à mesma indústria, numa zona devassada e habitada por brasileiros que, por tolerância, prévia aquiescência ou arrendamento, consentiam na sua permanência, aliás, provisória, como estrangeiros, ao abrigo das nossas leis e autoridades.
Neste mesmo ano de 1897, deu-se a viagem do capitão de navio, peruano, D. Enrique Espinar que chefiou uma expedição de fim comercial e científico, no vapor Brasil, aprestado por D. Ricardo Hidalgo, vapor que saiu de Iquitos a 8 de setembro e penetrou no Juruá a 15 de outubro, devendo ter alcançado o alto Juruá, da segunda quinzena de novembro para a primeira de dezembro, época em que as suas águas permitem a navegação de vapores apropriados à região.
No relatório que Espinar apresentou ao seu governo, datado de 3 de janeiro de 1898, mas, somente publicado, em Lima, no ano de 1905, apesar de haver encontrado o Rio Juruá todo habitado, só aponta cinco casas ocupadas por peruanos, uma das quais afastada de sua derrota, coincidindo o seu estabelecimento com a sua vinda.
Não sabemos em que local ficam essas casas, pois, só situa os senhores Hidalgo Ruiz e Ciª, a duas milhas abaixo da boca do Rio Moa, no lugar indevidamente denominado “Eureka-Centro Peruano”, uma vez que fora arrendado à esta firma pelo brasileiro Antônio Marques de Meneses, seu proprietário; havia, contudo, a de Vicente Mayna, no lugar, hoje denominado Porto Valter e o Pouso de Piedro Antônio Riata e Emílio Renvive, na foz do Rio Breu, onde apareceram, em 1897.
Depois dessa viagem do Capitão Espinar, foi que os caucheiros peruanos surgiram em grupos e se espalharam por vários contribuintes do Juruá: exercendo em seguida, alguns cidadãos peruanos, o comércio ilícito por meio de contrabando, em diversos desses Rios. (BRANCO)
Fonte:

BRANCO, José Moreira Brandão Castello. Peruanos na Região Acreana – Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Volume 244, 1959.
CUNHA, Euclides. Um Paraíso Perdido – Brasil – Brasília – Senado Federal, Conselho Editorial, 2000.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Expedição General Belarmino Mendonça

Quando surge um problema, você tem duas alternativas - ou fica se lamentando, ou procura uma solução. Nunca devemos esmorecer diante das dificuldades. Os fracos se intimidam. Os fortes abrem as portas e acendem as luzes. (Dalai Lama)

Em mais de uma oportunidade o Coronel de Engenharia Lauro Augusto Andrade Pastor Almeida havia-me perguntado por que eu ainda não resolvera descer os 2.975 km do Rio Juruá. Meu destino e minha meta é, sem dúvida, percorrer todos os grandes afluentes da magnífica Bacia do Rio-mar, mas somente aqueles que têm conhecimento da série de obstáculos que tenho enfrentado para realizar minhas quatro jornadas pelos amazônicos caudais, desde a Descida do Solimões, podem compreender minha relutância neste caso.

Quando apresentei, nos idos de 2008, minha proposta para descer o Rio-mar (Solimões/Amazonas) ao Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA), onde sou professor, o Comando, o Corpo Docente e Discente me apoiaram e elaboramos entusiasmados as diretrizes que norteariam este grande projeto multidisciplinar e interdisciplinar com uma face pedagógica bastante definida de total interesse não só para alunos e professores do CMPA, mas para a sociedade brasileira, que discutia e discute seriamente as questões ambientais, indígena e desenvolvimento sustentável da nossa floresta. Cada disciplina apresentou seus objetivos gerais e específicos, o procedimento que eu, como pesquisador, deveria seguir para colher as informações que atendessem plenamente as metas propostas e como estes conteúdos seriam trabalhados em sala pelos alunos do Colégio Militar de Porto Alegre.

Eu pretendia partir de Tabatinga, AM, percorrer todo o Solimões e o Amazonas de caiaque, e chegar a Belém, PA, em quatro meses depois de percorrer aproximadamente 3.300 km. Na época, as Organizações Militares as quais o Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA), está diretamente subordinado, determinaram que eu refizesse meu planejamento e o limitasse ao período das férias escolares. Reprogramei a descida para dois meses com o objetivo de percorrer todo o Rio Solimões nos meses de dezembro e janeiro (Tabatinga/Manaus).

Novamente, minhas expectativas foram frustradas, o escalão superior entendeu que o projeto devesse ser executado apenas durante o mês de férias (janeiro) a que eu tinha direito. Parti em busca de uma alternativa, não tinha nenhum sentido concluir a jornada em Tefé percorrendo apenas metade do Solimões. A solução, finalmente encontrada, com o apoio irrestrito do Comandante do CMPA, meu caro amigo Coronel Paulo Contieri, foi a de pedir rescisão do contrato com o Colégio nos meses de dezembro e janeiro e tentar a recontratação a partir de fevereiro de 2009. Eu sabia que o adicional de salário que percebia como professor do Colégio Militar iria fazer muita falta. As despesas com minha esposa inválida com enfermagem e produtos farmacêuticos eram muito altas, as perspectivas eram extremamente desfavoráveis, mas eu já não podia, absolutamente, recuar.

Foi neste triste momento de desencanto e desânimo que recebi um e-mail de meu velho amigo, General Joaquim Silva e Luna, hoje Chefe do Estado Maior do Exército, no qual ele me incitava com seu lema predileto: “Prossiga na Missão!”. O velho camarada, parceiro de tantos desafios enfrentados na BR 174 (Manaus, AM / Boa Vista, RR), no início da década de 80, me animou com sua lacônica mensagem. Mesmo enfrentando a falta de apoio por parte da Força Terrestre e de patrocínios institucionais consegui, finalmente, cumprir a Missão antes do prazo previsto e com todas as metas alcançadas.

Vento Xucro

(Jayme Caetano Braun)

Vento xucro do meu Pago
Que nos Andes te originas
Quando escuto nas campinas
O teu bárbaro assobio,
E sinto o golpe bravio
Do teu guascaço selvagem
Eu te bendigo a passagem,
Velho tropeiro do frio. (...)

Fiz questão de fazer esse pequeno preâmbulo para revelar alegremente que, hoje, novos e salutares ventos permeiam pelos corredores e gabinetes das Organizações Militares que tratam efetivamente dos assuntos afetos ao Ensino e a Cultura de nosso Exército. O “Vento xucro do meu Pago” rompeu as fronteiras Rio-grandenses e resolveu arejar as instituições de ensino da Força Terrestre mostrando a todos que apenas “Remexendo a cinza quente da nossa História distante” podemos crescer como Nação e para isso temos de nos valer dos pesquisadores. Nosso projeto, finalmente, está sendo tratado como uma pesquisa de interesse da Força Terrestre e, por isso mesmo, minha contratação passou de “Professor”, para “Pesquisador”.

Graças ao apoio irrestrito do Comandante Militar da Amazônia, General de Exército Eduardo Dias da Costa Villas Bôas, do Chefe do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEX), General de Exército Ueliton José Montezano Vaz e do seu Vice Chefe, General de Divisão Antonio Hamilton Martins Mourão, companheiro de Turma (Tu/1975) da Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), e do Coronel de Cavalaria Francis de Oliveira Gonçalves, Comandante CMPA vamos contar, desta feita com o apoio oficial de todas as Organizações Militares da Bacia do Juruá/Solimões.

Rio Juruá

O Diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), autarquia federal vinculada ao Ministério dos Transportes, General de Divisão Jorge Ernesto Pinto Fraxe (Tu AMAN/1975) nos incumbiu de atualizar seus Mapas Multimodais prenhes de incorreções além de outras missões afetas a um Reconhecimento de Engenharia. O General Villas Bôas montou uma verdadeira Operação Militar como podemos constatar na Ordem de Serviço abaixo, onde estão atribuídas as responsabilidades pelo apoio em cada fase da missão.
            

MINISTÉRIO DA DEFESA
EXÉRCITO BRASILEIRO
COMANDO MILITAR DA AMAZÔNIA
(Comando de Elementos de Fronteira - 1948)

ORDEM DE SERVIÇO n° 012 - E3.IM/CMA, de 1° de agosto de 2012

EXPEDIÇÃO GENERAL BELARMINO MENDONÇA

1. FINALIDADE

-  Regular as atividades a serem desenvolvidas por ocasião da Expedição General BELARMINO MENDONÇA, destinada a realizar um reconhecimento do Rio JURUÁ, com foco nos aspectos de interesse geográfico e histórico da região.

2. REFERÊNCIAS

-  Diretrizes do Cmdo CMA.

3. OBJETIVOS

a. Obter dados atualizados sobre o Rio JURUÁ.

b. Atualizar e corrigir informações que constam em cartas e mapas.

c. Realizar uma reconstituição dos principais fatos históricos que marcaram a região.

d. Reportar, em livro, as experiências e levantamentos realizados durante a expedição.

4. CONSIDERAÇÕES GERAIS

a. A Expedição General BELARMINO MENDONÇA realizará um reconhecimento, no período de 1° DEZ 12 a 31 DEZ 13, ao longo do Rio JURUÁ e de alguns de seus afluentes, para atualização de dados, informações e levantamentos de área.

b. A Expedição terá a participação de uma equipe, composta pelo Cel Eng R1 HIRAM REIS E SILVA (Chefe) - do CMPA , pelo Cel Inf R1 IVAN CARLOS GINDRI ANGONESE (no trecho FOZ DO BREU – CRUZEIRO DO SUL) – do CMPA, e pelos Sd MÁRIO ELDER GUIMARÃES MARINHO e MARÇAL WASHINGTON BARBOSA SANTOS - ambos do 8° BECnst, sob a coordenação do Cmdo CMA.

c. Os trabalhos da equipe visarão atualizar e corrigir informações de cartas e mapas, corrigir nomenclatura de acidentes naturais, levantar necessidades de aeródromos e portos hidroviários, verificar as condições de navegabilidade da hidrovia no período considerado e ao longo do ano e levantar as necessidades dos Distritos e Municípios quanto à saúde, segurança e educação.

d. Durante o percurso, será realizado um estudo sobre os principais eventos históricos que marcaram a região, particularmente aqueles que tiveram a participação de militares.

e. Ao final da expedição, será apresentado um livro com registros das experiências e dos levantamentos realizados no período, editado pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.

f. O Cmdo CMA apoiará a equipe, por intermédio das OM, quando esta estiver em suas respectivas áreas de responsabilidade, a fim de facilitar o atingimento dos objetivos propostos.

g. O acompanhamento do desenrolar da missão será executado por intermédio do Centro de Operações, em coordenação com a 3ª Seção CMA e com o Assessor de História do Cmdo CMA.

h.   Os períodos previstos para desenvolver as atividades são:

       
PERÍODO
OM Apoiadora
1° DEZ 12 a 12 FEV 13
61° BIS
13 FEV 13 a 24 ABR 13
Cmdo 16ª Bda Inf Sl
25 ABR 13 a 31 DEZ 13
CMPA

i. Os municípios a serem percorridos são: no Estado do ACRE, FOZ DO BREU, NATAL, ACURIÁ NOVA, MARECHAL THAUMATURGO, TRIUNFO, SANTA FÉ, PORTO WALTER, RODRIGUES ALVES e CRUZEIRO DO SUL; e no Estado do AMAZONAS, IPIXUNA, EIRUNEPÉ, ITAMARATI, CARAUARI, JURUÁ, TAMANIQUÁ, TEFÉ (FLU NOVO HORIZONTE, FLU CAUAÇU), CAIAMBÉ, SANTA SOFIA, SÃO FRANCISCO, COARI, CAMARÁ, CODAJÁS, ANORI, ANAMÃ, MANACAPURU, IRANDUBA e MANAUS.

5. EXECUÇÃO

a. Período

-  1° DEZ 12 a 31 DEZ 13. (...)

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Agradeço emocionado ao apoio de todos que sempre nos incentivaram e acreditaram no nosso trabalho prometendo, mais uma vez, não desapontá-los reportando a rica narrativa das plagas acreanas e a saga de sua gente audaciosa e guerreira liderada por grandes e eternos ícones de nossa pujante história.