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terça-feira, 24 de maio de 2011

Ir:. Adesguianos de Caxias do Sul

Ir:.  Adesguianos de Caxias do Sul


“A boa pintura se aproxima de Deus e a Ele se une... Não é mais do que uma cópia de Suas perfeições, sombra de Seu pincel, Sua música, Sua melodia”.
(Michelangelo di Lodovico Buonarroti Simoni)



- Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra - ADESG

A ADESG, fundada em 7 de dezembro de 1951, é uma entidade civil de direito privado, sem fins lucrativos, de duração ilimitada, de utilidade pública pelo Decreto 36.359, de 21/10/1954, com sede e foro na cidade do Rio de Janeiro, RJ, idealizada para congregar os diplomados pela Escola Superior de Guerra - ESG, e tem por objetivo:

-    preservar e projetar os valores morais e espirituais da nacionalidade;
-    incentivar, cada vez mais, a amizade e solidariedade entre os seus membros;
-    difundir conceitos doutrinários e estudos conjunturais relacionados com a Segurança e o Desenvolvimento, com ênfase na Defesa Nacional, observados os métodos e pesquisas da ESG;
-    desenvolver outras atividades de natureza cultural e educacional.

Fui, mais uma vez, chamado pela ADESG de Caxias do Sul para realizar uma palestra sobre a Amazônia Brasileira na sua XI Semana de Atualização. Quando o amigo e Ir:. Vitor Mario Scipioni Chiesa me convidou rebati afirmando que convite de Ir:.  não é convite, mas convocação. Os adesguianos de Caxias sempre nos receberam com um carinho e uma atenção muito especial na sua maravilhosa e progressista cidade. Os veteranos amigos ouviram com atenção e nos brindaram com questionamentos oportunos e inteligentes. O auditório da Sala Castello Branco, nas dependências do 3° Grupo de Artilharia Antiaérea é nosso velho conhecido, quase uma década de muitas emoções, onde tivemos a oportunidade de transmitir e receber informações de nossos queridos irmãos de Caxias. A querida amiga Rosângela que me acompanhou na viagem e, além de me auxiliar durante a palestra, na projeção dos slides, tirou fotos e vendeu diversos livros do “Projeto Desafiando o Rio-mar”. Deixamos dez exemplares para que os amigos da ADESG doassem para alguns estabelecimentos de ensino local. Quero expressar meu profundo agradecimento aos amigos e Ir:. de Caxias que tão gentilmente nos receberam e prometeram convidar-nos novamente para participar de seus eventos da ADESG e na Maçonaria.

- Aldo Daniele Locatelli

Aproveitei o dia seguinte para fazer minhas visitas costumeiras à Igreja de São Pelegrino, para admirar as belas pinturas de Locatelli, e à Catedral Diocesana de Santa Teresa para admirar seu altar Altar-mor e os belos lustres.

Locatelli o “gigante da arte”, o “mago das cores”, nasceu no dia 18 de agosto de 1915, em Vila D’Almé, a nove quilômetros de Bérgamo, região da Lombardia, na Itália. Em 1932, Locatelli iniciou seus estudos na Academia Carrara de Belas Artes, em Bérgamo e, após a conclusão do curso ganhou uma bolsa de estudos para a Escola de Belas Artes de Roma, onde estudou com afinco a técnica de Michelangelo. As obras do grande pintor renascentista o influenciaram sobremaneira e o levaram a estudar meticulosamente a anatomia e a psique humanas, mais tarde, retratados com maestria nas suas pinturas.

Chegou ao Brasil, em 1948, convidado pelo Bispo Dom Antonio Zattera, para pintar a Catedral de Pelotas, RS. Concluiu a pintura da abóbada de 250 metros quadrados e mais de 30 afrescos, em 1951, e iniciou, logo em seguida, a pinturas na Igreja de São Pelegrino, em Caxias do Sul, a convite do Padre Eugenio Giordani. Na década de 1950, Aldo Locatelli foi contratado pelo Governador Ernesto Dornelles para pintar diversos murais com temas do folclore e história do Rio Grande do Sul. Locatelli transfere, então, sua residência para Porto Alegre onde além de se dedicar ao planejamento dos murais e à pintura em óleo sobre tela da Via Sacra da Igreja de São Pelegrino lecionou no Instituto de Belas Artes, Locatelli deixou a marca de sua genialidade em diversos templos gaúchos. A arte magistral do Michelangelo Brasileiro podem ainda hoje ser apreciadas na Igreja Santa Terezinha, Bairro Floresta, no Aeroporto Salgado Filho e no Palácio Piratini, em Porto Alegre, RS; na Igreja Matriz São Luiz, em Novo Hamburgo, RS; na Catedral de Santa Maria, Santa Maria, RS; na Igreja do Santo Sepulcro, na Capela das Irmãs Carmelitas e no Pavilhão da Festa da Uva em Caxias do Sul, RS; na Igreja Santíssimo Sacramento, em Itajaí, SC; e no Citibank, São Paulo, SP.

Locatelli concluiu, em 1960, as pinturas da Igreja de São Pelegrino. O profícuo mestre faleceu, aos 47 anos, vítima de câncer no pulmão, no dia 3 de setembro de 1962, no Hospital Ernesto Dornelles, em Porto Alegre, RS. Locatelli, um italiano de nascimento e brasileiro de coração foi enterrado no Cemitério São Miguel e Almas.

- Igreja de São Pelegrino

A história da Igreja de São Pelegrino está vinculada ao início da imigração italiana e à fundação de Caxias do Sul. A família de Salvatore Sartori pisa na terra prometida, em 20 de fevereiro de 1879, chegava da Itália. Três meses depois chegou sua filha Amália e Raffaele Buratto, depois de se casarem, Raffaele estabeleceu-se como tanoeiro (fabricava e consertava tonéis, barris, pipas e vasilhames semelhantes) onde hoje está situado o jardim do Hospital Pompéia, em Caxias do Sul. O Barão Daniel von Schlabrendorff presenteia o casal com uma chácara próxima à sua casa. Em 1891, Raffaele recebeu do sogro uma tela com a imagem de São Pelegrino, padroeiro da sua cidade natal (Cornuda). Raffaele construiu um local provisório para abrigar a tela, que mais tarde foi substituído por uma capela, onde foi celebrada a primeira missa em 19 de abril de 1893. A capela foi ampliada e reinaugurada em 1938 e elevada a Paróquia em 1942, sendo seu primeiro sacerdote o Padre Eugênio Giordani.

A pedra fundamental das instalações atuais projetadas por Vitorino Zani foi lançada em 1944 e concluído em 1953. A igreja foi, então, dedicada a São Pelegrino e São José, e, em 1983, reconsagrada a São Pelegrino e Nossa Senhora da Pietá, de Michelangelo, em homenagem à réplica da Pietá doada pelo Papa Paulo VI, no centenário da imigração italiana no Rio Grande do Sul. A igreja não é famosa pela sua arquitetura, mas em virtude dos murais e pinturas em tela de Aldo Locatelli.

- Catedral Diocesana de Santa Teresa

Os primeiros cultos foram realizados numa humilde cabaninha de taquaras, no antigo cemitério, na Rua Bento Gonçalves e, mais tarde uma pequena casa, cedida por Luigi del Canale, na Avenida Júlio de Castilhos. Depois para uma casa que foi destruída por um incêndio em 1886, e, só então, foi construído um grande templo de madeira para abrigar a Igreja Matriz, no local onde se encontra a Catedral. A paróquia foi elevada a diocese em 1934, e foi nomeado o Bispo Dom José Barea, empossado no início 1936, passando a ser denominada Catedral.

Em 1913 foi concluído o altar-mor em estilo neogótico, obra de Francisco Meneguzzo, auxiliado por José Gollo e Alexandre Bartele, e foi entronizada a estátua de Santa Teresa. Foram também executados os mosaicos do piso e o reboco interno. Em 6 de fevereiro de 1914 foi constituída uma comissão para levar avante os trabalhos da fachada, que foi inaugurada em 15 de outubro, na festa de Santa Teresa. A rosácea de vitral foi criada por Abramo Eberle, e o reboco, decorações e torres ficaram a cargo de Luiz Segalla e Ferruccio Duso. As portas laterais, contudo, só ficaram prontas em 1915.

Em novembro de 1916, foi iniciada a construção dos alicerces de um grande campanário de alvenaria, projetado inicialmente por Francisco Meneguzzo, à direita da igreja. A construção foi logo abandonada e foi erguido no seu lugar um campanário de madeira, substituído depois por um de metal. Em 2007, o projeto original foi retomado, mas sofreu tantas modificações que lhe desfiguraram totalmente. Na sua bela fachada destacam-se as três portas ogivais, a central um pouco maior do que as laterais é encimada por uma grande rosácea. No seu interior encontramos belos vitrais fabricados na Alemanha. No fundo da nave central está a capela-mor, onde se encontra o magnífico altar de madeira de Francisco Meneguzzo. Além do altar-mor os três lustres de bronze chamam a atenção dos fiéis pela sua beleza invulgar.

- Samuara Hotel

Na noite de sexta-feira fui convocado pelo amigo Guilherme Tedesco Zanchi, representante da ADESG Caxias do Sul, para fazer uma pequena locução durante a entrega de medalhas aos veteranos adesguianos. O local da cerimônia e da ágape, que se seguiu, foi nas belas instalações do Samuara Hotel. Lembro que nos hospedamos no hotel, no início da década de 1960, logo após sua inauguração pelo Presidente Jânio Quadros. Cinquenta anos depois é muito bom verificar que o hotel, completamente modernizado continua a oferecer aos seus clientes excelentes instalações e atendimento perfeito.

- Museu Ambiência Casa de Pedra

No sábado, em companhia da prima da Rosângela, a senhora Loiva Schardosim, visitamos o museu da Casa de Pedra localizado à Rua Matteo Gianella, 531. Acompanhou-nos, como guia, na visitação a bem humorada e muito querida senhora Afonsina Albuquerque (Nina). O Museu possui um interessante acervo de peças antigas, doadas pela comunidade, incluindo diversos utensílios domésticos, mobiliário, peças de vestuário e de artes manuais, instrumentos agrícolas e caseiros como rocas e teares manuais. A Casa de Pedra é a única construção do gênero no perímetro urbano de Caxias. Foi construída, no final do século XIX, por Giuseppe Lucchese e filhos passou, em 1918, para a família Brunetta, e entre 1947 e 1974, à família Tomazzoni. A residência foi usada, também, como armazém, ferraria, celeiro e abatedouro de suínos. Foi transformada em museu em 1975 e tombada pela municipalidade em 30 de junho de 2003. A casa foi construída de pedras basálticas rejuntadas com barro, aberturas de pinho fixadas em tijolos artesanais. No pavimento térreo encontram-se a sala e a cozinha e, no pavimento superior, o antigo dormitório.

- Valdemiz/Monte Reale

Continuamos nosso passeio e a prima Loiva nos levou até Flores da Cunha onde visitamos algumas vinícolas. Uma, em especial, chamou nossa atenção: a Valdemiz/Monte Reale onde fomos recebidos pela Maria do Carmo Rodrigues, uma recepcionista vinda diretamente de Jucás, sertão cearense, que nos acompanhou na visita às impecáveis instalações, às caves de amadurecimento dos vinhos finos da Valdemiz e, posteriormente a uma pequena degustação dos produtos da empresa.

Em torno do ano 1300 têm-se as primeiras notícias escritas da família Mioranza. Radicada no Vale del Miz, comuna de Sospirolo, província de Belluno, Itália, a família Mioranza já se destacava na produção de uvas e vinhos. Com a crise que se abateu sobre os vinhedos em toda a Europa no século XIX Pietro Mioranza decide imigrar para a América e chega à Serra Gaúcha em janeiro de 1884 onde lhe é destinado o lote de nº 13 da colônia de Caxias do Sul e funda a localidade de Nova Venezia, hoje Travessão Alfredo Chaves, município de Flores da Cunha. A coragem e a vontade de vencer fizeram com que Pietro Mioranza prosperasse em terras brasileiras, juntamente com seus filhos, netos e bisnetos. Valdecir José Mioranza, bisneto de Pietro, herdou o conhecimento e a dedicação e juntamente com sua esposa Lidia Sonda Mioranza, seus filhos Enio, Eleida e Elisete fundaram a Vinhos Monte Reale – Valdemiz Vinhos Finos, conservando até hoje sete séculos depois a mesma tradição trazida da Itália. (Site do Vinho Brasileiro)





sábado, 14 de maio de 2011

Aquífero Alter do Chão

Aquífero Alter do Chão


Isso representa um volume de água de 86 mil quilômetros cúbicos.
Se comparado com o Guarani, por exemplo, ele tem em torno de 45 mil quilômetros cúbicos. (Milton Mata)

Não existe outro lugar no planeta Terra onde o manancial de águas subterrâneas seja tão abundante quanto o Aquífero de Alter do Chão. O imenso lago de água potável se estende sob a igualmente gigantesca bacia do Rio Amazonas. Alter do Chão ocupa, a partir de agora o lugar daquele que era então, o maior Aquífero do mundo - o Guarani, que se estende pela Argentina, Paraguai e Uruguai. A capacidade de Alter do Chão ainda não foi devidamente estabelecida, mas dados preliminares apontam para uma área de 437.500 km² e uma espessura média de 545 metros com um volume estimado de 86 mil km³ de água doce suficiente para abastecer 100 vezes toda a população mundial.


 
Aquífero Alter do Chão ou Aquífero Grande Amazônia

Pesquisadores da Universidade Federal do Pará (UFPA) apresentaram, no dia 16 de maio de 2010, um estudo apontando o Aquífero Alter do Chão como o de maior volume de água potável do mundo. O Grupo de Pesquisa em Recursos Hídricos da UFPA é integrado pelos professores Francisco Matos, André Montenegro e ainda pelos pesquisadores Milton Mata (UFPA), Mário Ribeiro (UFPA) e Itabaraci Nazareno (Universidade Federal do Ceará/UFC). A reserva subterrânea está localizada no subsolo dos estados do Amazonas, Pará e Amapá. O Aquífero de Alter do Chão tem quase o dobro do volume de água potável que o Aquífero Guarani. Uma grande vantagem do Aquífero de Alter sobre o Guarani, é que este último está sob a rocha enquanto o da Amazônia tem terreno arenoso. A chuva penetra com facilidade no solo e a areia funciona como filtro natural. Perfurar o solo arenoso é fácil e barato. Levantamentos futuros poderão determinar que o Aquífero é ainda maior do que o estimado inicialmente. O geólogo da UFPA Milton Matta afirma:

Os estudos que temos são preliminares, mas há indicativos suficientes para dizer que se trata do maior aquífero do mundo, já que está sob a maior bacia hidrográfica do mundo, que é a do Amazonas/Solimões. O que nos resta agora é convencer toda a cadeia científica do que estamos falando.

O nome de Aquífero Alter do Chão pode vir a ser alterado tendo em vista ter o mesmo nome de um dos lugares turísticos mais importantes do Estado do Pará, o que costuma provocar enganos sobre a localização da reserva de água.

Estamos propondo que passe a se chamar Aquífero Grande Amazônia e assim teria uma visibilidade comercial mais interessante. (Milton Matta)

A segunda etapa do levantamento pretende inspecionar poços já existentes na região do aquífero.

Pretendemos avaliar o potencial de vazão. Dessa maneira teremos como mensurar a capacidade de abastecimento da reserva e calcular a melhor forma de exploração da água, de maneira que o meio ambiente não seja comprometido. (Milton Matta)

Marco Antonio Oliveira, Superintendente do Serviço Geológico do Brasil, em Manaus, afirma que a magnitude de um Aquífero é proporcional ao tamanho de sua Bacia Hidrográfica. O Aquífero Alter do Chão abastece de água mais de 40% da cidade de Manaus, são dez mil poços particulares e 130 da rede pública. O abastecimento de outras cidades do Estado do Amazonas é bombeado, na sua totalidade, da reserva subterrânea. A da cidade de São Paulo baseia 30% de seu abastecimento nas águas do Aquífero Guarani. Marco Antonio Oliveira disse que a reserva de água, no entorno de Manaus, está muito contaminada.

É onde o aquífero aflora e também onde a coleta de esgoto é insuficiente. Ainda é alto o volume de emissão de esgoto “in natura” nos igarapés da região. (Marco Antonio Oliveira)

Marco Antonio Oliveira faz uma ressalva sobre a exploração comercial da água no Aquífero Alter do Chão ressaltando a necessidade de se construir um planejamento estratégico de âmbito nacional.

A água dessa reserva é potável, o que demanda menos tratamento químico. Por outro lado, a médio e longo prazo, a exploração mais interessante é da água dos Rios, pois a recuperação da reserva é mais rápida. A vazão do Rio Amazonas é de 200 mil m³/segundo. É muita água. Já nas reservas subterrâneas, a recarga é muito mais lenta. (Marco Antonio Oliveira)

O Superintendente do Serviço Geológico do Brasil enfatiza a qualidade da água extraída do Aquifero Alter do Chão.

A região amazônica é menos habitada e por isso menos poluente. No Guarani, há um problema sério de flúor, metais pesados e inseticidas usados na agricultura. A formação rochosa é diferente e filtra menos a água da superfície. No Alter do Chão as rochas são mais arenosas, o que permite uma filtragem da recarga de água na reserva subterrânea. (Marco Antonio Oliveira)