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domingo, 15 de janeiro de 2012

Partida para Nova Olinda do Norte, AM

Partida para Nova Olinda do Norte, AM


É muito melhor arriscar coisas grandiosas, alcançar triunfos e glórias,
mesmo expondo-se à derrota, do que formar fila com os pobres de espírito,
que nem gozam muito, nem sofrem muito,
porque vivem nessa penumbra cinzenta que não conhece vitória nem derrota.
(Theodore Roosevelt)

A distância de Nova Olinda do Norte era, pelo Google Earth, de pouco mais de 90 quilômetros. No planejamento inicial eu previra dois dias de deslocamento, mas decidi fazer em um dia contanto com o tempo bom e a velocidade da correnteza.

-  Partida de Borba, AM (14.01.2012)

O João Paulo apareceu, de madrugada, dizendo que tinha sido convidado por alguns novos amigos para um churrasco e que pretendia ficar mais um dia em Borba. Parti um tanto preocupado, deixando meu filho para trás. Lancei-me às águas, como o programado, por volta das 5h15, pronto para enfrentar o mais longo desafio do Rio Madeira, eu estava otimista, a primeira hora foi alvissareira, águas de Almirante, suave brisa e águas rápidas.

Depois de remar 15 km, minha proa apontou para enormes e carregadas nuvens negras no horizonte. A chuva começou pela margem esquerda e logo me atingiu por rajadas de vento de até 40 km por hora, uma chuva forte acompanhada dos inevitáveis “banzeiros”. As ondas não ultrapassaram os 60 cm, mas resolvi navegar próximo da margem direita já que a visibilidade fora reduzida a uns 300 metros. O esforço agora era considerável, em virtude dos ventos de proa, torci para que o tempo melhorasse para não comprometer minha programação. O objetivo seria alcançado de qualquer maneira, fui doutrinado, na Academia Militar das Agulhas Negras, para não entregar os pontos e forçar coração, nervos, músculos, tudo, para atingir o alvo. Os óbices acontecem, mas devem ser encarados com naturalidade e ultrapassados com coragem e determinação, sempre mantendo o “foco” no objetivo a ser atingido.

Depois de navegar, aproximadamente 20 km, o Soldado Walter Vieira Lopes (Sub-comandante do B/M Piquiatuba) resolveu acompanhar-me no caiaque do Mestre José Holanda. Durante a primeira hora o Vieira Lopes dominou a arte da canoagem como bom marujo que é, enfrentando fortes ondas de proa e de través. As ondas acalmaram, o vento diminuiu consideravelmente, e como ele estivesse à minha frente gritei para que ele aproasse a jusante de uma ilha à nossa frente, o Vieira Lopes girou o corpo para me ouvir melhor e virou o caiaque. Depois de tentar diversas vezes subir sem sucesso no caiaque resolvi rebocá-lo até a margem. Foi uma progressão lenta, difícil e cansativa até uma margem repleta de canaranas.  Viera Lopes retirou a água do caiaque e partiu célere para a margem direita do Rio. Somente depois de ultrapassarmos as pequenas ilhas avistamos o Piquiatuba comandado pelo Soldado Mário Elder Guimarães Marinho (Comandante do B/M Piquiatuba). Fui até a embarcação colocar uma camisa seca e renovar meu estoque de água de coco. O Vieira Lopes continuou mais um pouco e foi substituído, no caiaque, pelo Soldado Marçal Washington Barbosa Santos (Cozinheiro do B/M Piquiatuba).

Novamente a maestria dos nossos marujos na condução de uma embarcação a que não estavam absolutamente acostumados ficou patente. Faltavam apenas 26 km e resolvi imprimir um ritmo forte até Nova Olinda acompanhado a par e passo pelo Marçal. Há uns dez quilômetros de distância da cidade o Marçal comentou sobre a ausência dos golfinhos (botos e tucuxis) no Baixo Madeira e, logo em seguida, como para atender a seu apelo, apareceram cinco enormes botos vermelhos. Os belos mamíferos aquáticos evoluíam muito próximos dos caiaques, por vezes nos assustando e nos acompanharam até as cercanias da cidade.

-  Chegada em Nova Olinda do Norte, AM (14.01.2012)

Chegamos às das 12h55 depois de navegar 93 km em 7h40 a uma média próxima dos 12 km/h. O Mário ancorou no Porto do DNIT e conseguiu autorização do funcionário Charles Christian Sales para que ali permanecêssemos até segunda de manhã.




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