MAPA

MAPA

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Destacamento de Fronteira


Destacamento de Fronteira

Hiram Reis e Silva, Marechal Thaumaturgo, Acre, 21 de dezembro de 2012.

Suplico a Usted tenga la bondad de manifestar a sus conciudadanos que antes de partir les agradezco particularmente la distinción de aprecio que conservaran para el que tuvo el honor de ser un año Comisario de este Río, que el de su parte va con la conciencia tranquila porque jamás engañó en sus deliberaciones y actos de justicia. El día 4 de noviembre quedará como testimonio de que los hombres íntegros no saben temer el peligro y que por conseguinte sus distinguidas atenciones serán para mí un grande recuerdo que llevare al seno de mi familia. A Usted mi querido amigo, le ofrezco, como siempre, mi más sincera amistad para que pueda ocuparse con la confianza del verdadero amigo en el Callao Perú. Lleve a sus compañeros en el Moa, mi saludo y manifiésteles que hago por la más estrecha paz en Brasil y Peru.
(Major Ramirez Hurtado – Carta ao Capitão D’Ávila − Arquivo Histórico do Itamarati)

-  19/22.12.2012 – Destacamento de Fronteira

Resolvemos permanecer no Destacamento de Fronteira até sábado, 22 de dezembro. A educação, profissionalismo e cortesia dos militares cativaram-nos. O Angonese conseguiu, finalmente, satisfazer seu desejo de pescar, sua incursão ao Rio Arara proporcionou-lhe a captura de uns belos surubins, de mais de 80 centímetros, e eu e os outros membros da equipe desfrutamos do convívio salutar destes gentis guerreiros além de termos a possibilidade de conhecer a cidade de Thaumaturgo e arredores.

O Destacamento é um pólo de excelência plantado numa região desprovida dos confortos da vida moderna, mas os militares destacados que aqui permanecem entre dois e três meses voltam-se não só para sua atividade fim, mas também cuidam de uma pequena horta e criação de galinhas e porcos que incrementam satisfatoriamente seu rancho.

As instalações novas, recentemente inauguradas, são impecáveis, cuidadas com muito esmero e a área do entorno exige um cuidado especial no que se refere à manutenção tendo em vista nos encontrarmos em pleno inverno amazônico. A capina é feita semanalmente não só com o objetivo de manter o asseio e a segurança das instalações, mas, sobretudo, para evitar a aproximação das temíveis surucucus que infestam a área. O local do Destacamento contrasta com a de seus vizinhos onde o capinzal e o desleixo são a tônica. O Pelotão, através do Tenente Santiago e do Sargento Wanderley conseguiu disponibilizar todos os motores rabeta que se encontravam indisponíveis além de promover outras melhorias importantes no Destacamento.

-  “Modus Vivendi”

No início do século XX, o “Modus Vivendi” era mais uma tática inteligente que permitia dar continuidade ao projeto de ocupação pelos brasileiros da região do Alto-Juruá e Alto-Purus e interromper os conflitos entre caucheiros e seringueiros, estimulados pelas tentativas peruanas de estabelecer Postos Aduaneiros em uma região densamente habitada por nacionais, até que se chegasse aos acordos diplomáticos definitivos.

-  Capitão Francisco d’Ávila e Silva

Por dever de justiça o Destacamento Thaumaturgo de Azevedo deveria se chamar Capitão Francisco d’Ávila e Silva como justo tributo ao Comandante da tropa que investiu contra o Posto Militar e aduaneiro peruano ilegalmente edificado à Foz do Amônea (atual Marechal Thaumaturgo, AC).

O Coronel Thaumaturgo de Azevedo, estacionado na altura do Moa, atual Cruzeiro do Sul, AC, apesar de envidar todos os esforços diplomáticos possíveis não conseguiu impedir que os peruanos continuassem a cobrar impostos e obrigassem as embarcações brasileiras a substituir a Bandeira Nacional pelo pavilhão inca na passagem pelo Amônea.

O Coronel Thaumaturgo de Azevedo decidiu dar um basta às estripulias peruanas instalando um Posto Fiscal do Ministério da Fazenda no Amônea, e para isso determinou que o Capitão d’Ávila e Silva, acompanhado de um Alferes e 50 Praças armadas sem ostentação de força, empossasse os agentes financeiros do Brasil na Foz do Amônea.

Chegando à Foz do Amônea, o Capitão D’Ávila notificou oficialmente ao Comissário peruano Ramirez Hurtado os princípios acordados no “modus vivendi” de comum acordo entre os dois países. Ramirez Hurtado alegou que ignorava os termos acordados entre Brasil e Peru, mas comprometeu-se a não mais cobrar impostos dos nacionais nem ordenar o arriamento da Bandeira Brasileira de nossas embarcações, como vinha fazendo até então.

As ordens de Thaumaturgo eram muito específicas, D’Ávila deveria tentar, por todos os meios pacíficos possíveis, fazer cumprir o acordo binacional. Caso os peruanos não concordassem, o Capitão Ávila estava autorizado a empregar a força e instalar o Posto Fiscal do Ministério da Fazenda na Foz do Amônea, cuja jurisdição se estenderia até à Foz do Breu, em território já reconhecido como brasileiro pelo Peru, no “modus vivendi”. Tão logo Ávila retornou para o Moa, os peruanos recomeçaram a importunar os brasileiros cobrando impostos e o hasteamento de sua bandeira nas embarcações brasileiras. Thaumaturgo determinou, então, ao Capitão D’Ávila que retornasse ao Amônea para dar um fim definitivo aos desmandos peruanos.

-  O Ataque
    Fonte: Leandro Tocantins.

A 27 de outubro (1904), o Moa zarpou de Cruzeiro do Sul, sede do Governo do Departamento do Alto-Juruá. No quinto dia de viagem, o Capitão Ávila recebeu aviso de que os peruanos, ao saberem que o Prefeito Thaumaturgo de Azevedo mandara instituir um Posto Fiscal no Amônea, estavam cavando trincheiras e erguendo fortificações para resistir. (...)

Ávila Acompanhado pelas 40 praças restantes, embrenhou-se na mata em manobra estratégica para evitar a passagem em frente ao acampamento peruano e atingir o Seringal Mississipe Novo, acima da Foz do Amônea.

O Capitão Ávila reforçou seu efetivo com alguns seringueiros, abriu diversas picadas, uma delas até a frente da força peruana e mandou seguir 20 praças, sob o comando do Furriel José Rodrigues da Fonseca e 30 civis dirigidos pelo ex-aluno da Escola Militar Oséias Cardoso, a fim de tomarem posição à esquerda e à retaguarda do Posto peruano, enquanto outras 6 praças e 8 civis iam ocupar uma trincheira em Vila Martins (margem direita do Juruá, defronte do sítio dos peruanos). Mais 16 praças e 10 civis deslocaram-se para o Igarapé Minas Gerais, no Seringal do mesmo nome.

A disposição do terreno do acampamento peruano era boa para uma defesa militar. Estendia-se numa área de dois quilômetros de extensão por dois de largo, no ângulo formado pelo encontro do Amônea com o Juruá. Uma rua, com várias casas de madeira entre as quais se destacava o Quartel, seguia, a uma distância de 50 metros, as margens do Rio captador, onde foram abertas inúmeras trincheiras para a defesa do Porto. À beira do Amônea, em terreno elevado, existiam outras trincheiras em forma de quadrilátero, sítio excelente para repelir ataques.

Pela madrugada do dia 4 (novembro, 1904), o Capitão Ávila e Silva partiu pelo varadouro, de Mississipe Novo em demanda do Amônea. Pouco depois, pelo Rio, baixaram o Tenente Guapindaia e seus prisioneiros, sendo, no caminho, chamados a fala por um piquete peruano que só os deixou ilesos por interferência do Alferes Ramirez (peruano), usado como refém. Pôde, assim, o grupo desembarcar no Seringal Minas Gerais (margem direita do Amônea e esquerda do Juruá). A essa hora, o cerco do acampamento peruano estava completo.

O Capitão Ávila, inspecionando as forças acantonadas em Vila Martins, foi o primeiro a receber uma salva de 10 tiros de fuzil. O negociante Julião Sampaio, que lhe servia de ordenança, caiu gravemente ferido. Mesmo assim, Ávila não quis romper fogo. Redigiu uma nota ao Major Ramirez Hurtado pedindo-lhe para entregar as armas e fazer a retirada do Posto para o Breu. “Quando recebi a resposta que mal acabara de ler partiram das trincheiras peruanas tiros de fuzil, vendo-me, então, forçado a trocar fogo”, atestou o Capitão Ávila.

Rompeu a fuzilaria de todas as linhas”, e durante “todo o dia 4 (novembro, 1904) travou-se um tiroteio cerrado”. No decorrer da noite, os brasileiros consolidaram suas posições e abriram novas trincheiras. O cerco da praça tornava-se mais estreito.

Um piquete de 15 civis deslocou-se para Nova Mina, no Rio Amônea, com o objetivo de impedir a vinda de recursos peruanos (o piquete prendeu vários homens que procuravam alcançar Nuevo Iquitos). De manhã, logo que a cerração se esvaiu e o Sol começou a dardejar luz no cenário da luta, os brasileiros avistaram a bandeira branca no mastro do acampamento, em substituição ao estandarte peruano. Um silêncio profundo, depois do toque de alvorada, em ambas as linhas, pairou nos ares do Amônea.

Era o fim da batalha: o emissário dos peruanos chegava a trincheira do Capitão Ávila para solicitar armistício. Ao meio-dia foi assinada a Ata de Paz no barracão do Seringal Minas Gerais, pelo Comandante brasileiro e o Major Ramirez Hurtado. No dia seguinte, já de posse do acampamento peruano, o Capitão Ávila recebeu o armamento e a munição. Vinte e quatro horas mais, os vencidos retiraram-se em ubás, viajando pelo Juruá, no rumo do Ucaiali.

A 8 de novembro (1904) o Posto Fiscal do Ministério da Fazenda instalava-se no Amônea. Apesar de tudo, a saída dos peruanos foi marcada por um traço de cordial respeito, de parte a parte.

Embora existam comentários de que os peruanos foram perseguidos pelo Capitão D’Ávila para muito além da Foz do Breu, em pleno território peruano, e que este só retornara depois de receber ordens específicas do Coronel Thaumaturgo, estas informações não encontram nenhum respaldo nos documentos oficiais do Itamarati, Arquivo Nacional ou Arquivo do Exército. A tradição oral colhida entre os cidadãos mais antigos da cidade de Thaumaturgo também não corrobora esta versão. A fidalguia e a serenidade do Capitão D’Ávila no trato com seus adversários não levam a crer que fosse ele capaz de tomar uma atitude intempestiva como esta.

-  Sr. Renato Bezerra Mota

Nas nossas incursões à Mal Thaumaturgo sempre fizemos uma parada obrigatória na Panificadora Mota, a melhor sorveteria da cidade de propriedade do Sr. Renato Bezerra Mota (Travessa José Ananias, 12 – Centro – 69983 000 – Mal Thaumaturgo), grande amigo do Tenente-Coronel Eng Lauro Augusto Andrade Pastor Almeida. O velho policial possui uma magnífica coleção de facas e espadas além de um belo acervo de fósseis de preguiças gigantes, mastodontes e purussauros dignos de pertencer a um museu.

Preguiça gigante (Eremotherium laourillardi): conhecida como megatério (grande mamífero) era muito lenta, uma presa fácil para os caçadores, vivia em bando nas savanas e bordas das florestas, alimentando-se de folhas e brotos de árvores. Viveu entre 1.800.000 e 11 mil anos.

Mastodonte (Masthodon angustidens): parente dos atuais elefantes tinha, aproximadamente, sete toneladas e três metros de altura. As presas chegavam a medir cinco metros de comprimento. Assim como a preguiça-gigante, o mastodonte foi muito perseguido pelos primeiros habitantes da Amazônia, e foi extinto há aproximadamente, 10 mil anos.

Purussauro (Purussaurus brasilienses): réptil pré-históricos, que viveram há cerca de 8 milhões de anos, semelhantes aos jacarés de hoje. Atingiam 13 metros de comprimento e quatro toneladas de peso. O primeiro exemplar foi encontrado no Rio Purus, daí a origem do nome.


Renato e outros populares contaram-nos, também, como o tráfico corre solto pelos afluentes do Juruá, Tejo, Acuriá, Arara, Juruá-mirim e tantos outros, sem qualquer intervenção por parte das autoridades competentes.

-  Reconhecimento dos Afluentes

Tendo em vista as dificuldades encontradas no que se refere à logística de nossa expedição, resolvi abandonar a pretensão de reconhecer os principais afluentes do Juruá. O alto consumo do motor de 40 HP da lancha “Mirandinha” e a impossibilidade financeira de adquirirmos um motor tipo rabeta de 6,5 HP com essa finalidade determinou minha mudança de planos. A frustração só não é maior tendo em vista a qualidade da equipe que me acompanha e o incentivo de amigos e investidores que certamente saberão compreender minhas razões. O livro que pretendíamos presentear, depois de editado, ao CMA e ao DNIT ao final de nossa Expedição terá de ser em forma de cópia digital já que os recursos auferidos igualmente não permitem esta extravagância.

Fonte: TOCANTINS, Leandro. Formação Histórica do Acre, Volume I – Brasil – Brasília – Senado Federal, Conselho Editorial, 2001.
e='� % b d 0�& ��$ ight:normal'>1914

7 de janeiro: Primeiras eleições municipais.

1915

1º de maio: É inaugurado o primeiro grupo escolar da cidade.

1916

13 de maio: Inaugurado o serviço de luz elétrica.

1920

1º de outubro: Território do Acre - extinção do departamento e unificação dos municípios em torno de um só governo, Rio Branco é escolhida a capital do Território do Acre.

1962

15 de junho: A Lei 4070 – eleva o Território do Acre à categoria de Estado.

Fontes:

ANDRADE, Fernando Moretzsohn de; GUIMARÃES, André Passos. ACRE. In: Enciclopédia Mirador Internacional. São Paulo: Encyclopædia Britannica do Brasil Publicações, 1993.

MEIRA, Sílvio de Bastos. A Epopeia do Acre - Brasil - Rio de Janeiro, 1961 - Ed. Record.

Nenhum comentário:

Postar um comentário