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quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Projeto Rio-Mar: Amaturá - Santo Antonio do Içá

Projeto Rio-Mar: Amaturá - Santo Antonio do Içá

“Há mais pessoas que desistem do que pessoas que fracassam”. (Henry Ford)

 
- Largada para Santo Antonio do Içá

Acordei às 4h30min e depois me dirigi ao posto da Polícia Militar para confirmar o apoio agendado para as 5h30min. Acordei o plantonista, confirmei o horário e me dirigi para a praça central. Aguardei o frei capuchinho durante 30 minutos na praça para a entrevista que ele disse que me concederia; como não apareceu, fui ajudar os parceiros a carregar os caiaques. Partimos às 6h15min de 9 de dezembro; o dia estava magnífico, os golfinhos nos saudaram logo de manhã cedo com suas evoluções dolentes.

- Trajeto

Depois de remar por uma hora e um quarto, paramos para o descanso numa praia onde comemos um pedaço de pão e bebemos bastante líquido. O dia continuava agradável e, na segunda parada, na altura de Várzea Grande, observamos vários botos pescando. A orientação, apesar dos problemas com o GPS, continuava fácil e conseguíamos identificar no terreno as comunidades e acidentes sem qualquer dificuldade.

- Santo Antonio do Içá

Na chegada a Santo Antonio, por volta do meio-dia, mais botos em sua operação de pesca; ninguém sabe como, a Fabíola conseguiu virar o caiaque. Graças à experiência do professor Romeu, o fato foi contornado sem maiores problemas. O porto velho estava lotado e desembarcamos, com alguma dificuldade, no flutuante para embarcações maiores, escalando os pneus que servem de amortecedores para o casco dos navios. Novamente, utilizei o 190 em busca de apoio e apareceu o Policial Jeniel, que nos levou até a casa do vice-prefeito, já que o prefeito estava viajando. O vice não se encontrava, e sua esposa orientou o Jeniel a respeito de nossa hospedagem. Fomos até o Hotel Rio Solimões, próximo ao porto, e confirmamos nossas reservas. No porto, o Jeniel montou uma rápida operação de maneira que pudéssemos manobrar os caiaques para uma área segura e os descarregássemos; em seguida, deixou-nos no hotel junto com a bagagem.

Uma cidade grande para o contexto amazônico, com um traçado moderno e bastante organizada, construída a 70 m acima do nível do mar, a 888 km em linha reta de Manaus e 1199 km via fluvial.

- Rádio Felicidade

O Romeu marcou uma entrevista, às 7h30min de 10 de dezembro, na rádio Felicidade com o professor Sebastião Batalha. A Fabíola não quis participar. O professor nos deixou bastante à vontade e apresentamos o projeto e seus objetivos. Retornamos ao Hotel, que ficava a uns dez minutos da rádio e, antes de chegarmos a ele, fomos interpelados, na rua, pelo secretário da saúde do município, irmão do prefeito, que nos hipotecou apoio em viatura e alimentação.

- Turismo com o amigo Jorge

Pouco depois, estávamos com o amigo Jorge, funcionário da prefeitura, fazendo um tour pela cidade. Conhecemos a comunidade indígena do Lago Grande e o maravilhoso lago que lhe empresta o nome. A comunidade possui uma estrada asfaltada, pela gestão do prefeito Antunes, até as suas proximidades e, em reconhecimento, observamos uma bandeira do PT, partido do prefeito, tremulando no centro da aldeia. Conhecemos um balneário de águas cristalinas, em que os populares preparavam um tambaqui assado, e o aeroporto local que aguarda liberação da Infraero para funcionar.

- Apoio incondicional

Fomos deixados no hotel para nos refrescarmos e logo após nos dirigimos ao restaurante indicado pelo amigo Cristóvão, que lá nos esperava com alguns elementos ligados à saúde nas comunidades indígenas. Conhecemos a enfermeira Cristiane, uma paulista entusiasmada com os desafios que a comunidade de Betânia lhe propicia. Cristóvão autorizou que acompanhássemos o deslocamento da equipe de saúde pelo rio Içá, atendendo a um desejo nosso. Conversamos demoradamente com a Cristiane e marcamos a saída para as dez horas no dia seguinte. Só faltava resolver o problema da Internet, enviar as fotos tiradas até agora e escrever os artigos atrasados. O secretário escalou seu assessor - o Jaran - para que isso fosse resolvido. Jaran nos deixou as chaves de seu gabinete e nos lançamos sofregamente a escrever o diário de bordo e encaminhar arquivos de imagem e áudio. Só interrompemos para o jantar, lá pelas 19h30min, só parando à 1h da madrugada. Neste intervalo, ficamos escrevendo e conversando com a Cristiane, que também colocava sua correspondência em dia.

- Rio Içá

O Içá, como tantos outros afluentes do Amazonas (Jutaí, Juruá, Japurá, Purús ...), pode ser descrito pelas palavras incomparáveis do imortal Euclides da Cunha na obra póstuma ‘À Margem da História’ (lançada um mês após a morte do escritor):

“A inconstância tumultuária do rio retrata-se ademais nas suas curvas infindáveis, desesperadoramente enleadas, recordando o roteiro indeciso de um caminhante perdido, a esmar horizontes, volvendo-se a todos os rumos ou arrojando-se à ventura em repentinos atalhos ... Vai, noutros pontos, em ‘furos’ inopinados, afluir nos seus grandes afluentes, tornando-se ilogicamente tributário dos próprios tributários; sempre desordenado, e revolto, e vacilante, destruindo e construindo, reconstruindo e devastando, apagando numa hora o que erigiu em decênios - com a ânsia, com a tortura, com o exaspero de monstruoso artista incontentável a retocar, a refazer e a recomeçar perpetuamente um quadro indefinido ...

O Içá era tudo isso que esperávamos encontrar!

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