Desafiando o Rio-Mar: Iranduba/Manaus, a chegada
“Há mais pessoas que desistem do que pessoas que fracassam”. (Henry Ford)
- Véspera
A noite de domingo foi longa e insone. A um passo da conquista de um objetivo planejado e perseguido incansavelmente por dois anos, minha mente repassava, inconscientemente, como num filme, todas as alegrias e todos os obstáculos que tivemos que ultrapassar para chegar até aqui.
A alegria de sentir o apoio e o envolvimento irrestrito de amigos e familiares, o incentivo por parte de cada um que tomando conhecimento de nosso desafio se tornou um aliado, um combatente de primeira linha. Foi uma verdadeira expedição que desceu o Solimões de carona nos nossos sonhos. Amigos de todos os rincões, amigos virtuais, amigos que comungam por uma causa maior: a da brasilidade e da soberania Amazônica.
A cada um de vocês que de alguma maneira tornou possível a concretização de ‘nosso mais belo e arrojado ideal’, o nosso profundo agradecimento. Certamente vosso apoio encontrará eco nos labirintos das eras passadas, de ilustres heróis como Pedro Teixeira, Plácido de Castro, Cabralzinho, Euclides da Cunha e tantos outros que lutaram para ampliar nossas fronteiras tão comprometidas, nos dias de hoje, por ações de mal-informados dirigentes que tomam decisões que afetam todos cidadãos brasileiros.
- Largada para Manaus
Partimos por volta das 07:00 horas, pois não havia necessidade de sair mais cedo; a hora prevista para chegada no 2º Grupamento de Engenharia de Construção (2º Gpt E), em Manaus, era por volta das 14:00 horas. Remei lentamente, procurando curtir cada segundo, gravando cada imagem captada pela minha retina, cada som que percutia nos meus tímpanos. As palafitas, as pequenas ‘montarias’ manobradas com invulgar destreza pelos ribeirinhos, as terras caídas, as ilhas que andam, os pássaros... tudo tinha um nostálgico sabor de despedida.
- Furo Paracaúba
O ‘furo’ ou ‘paraná Paracaúba’ que liga o Solimões ao Rio Negro permite que se acesse o rio mais à montante de sua foz, economizando tempo e energia. O ‘Paracaúba’ não é nem sombra do que era nos idos de 1940 a 1950, período em que os navegantes, cautelosamente, escolhiam o melhor momento para abordá-lo contornando seus perigosos rebojos.
Fizemos uma longa parada na margem do Rio Negro, aguardando o tempo melhorar. O conserto do caiaque pilotado pelo Romeu, em Manacapuru, foi muito mal feito e eu temia que algum esforço maior pudesse comprometer sua estrutura. A tempestade sobre a cidade de Manaus gerava fortes ondas e o horizonte, à leste, prenunciava tempo bom; resolvi aguardar até que o rio ficasse mais calmo.
- Último lance
O rio se transformou em um lago. Fizemos mais uma parada, pois eu procurava ajustar a chegada para a hora marcada, 14:00 horas. Iniciando a travessia do rio, busquei me aproximar da margem esquerda para me afastar do canal; a correnteza do Negro era fraca, tendo em vista a cheia do Solimões, mas existia. Diminuí o ritmo, tendo consciência de que chegaríamos, com isso, depois da hora marcada.
Parei numa rampa próxima à Ponte do Rio Negro aguardando o Romeu, que apresentava visíveis sinais de cansaço. Passamos a ponte e, mais uma vez, o GPS apontava para um ponto bastante distante do nosso destino. Passamos por diversos estaleiros e balsas que transportavam veículos de Iranduba para Manaus e vice-versa, quando, no meio daquele caos, avistei alguns soldados trabalhando na contenção de talude e, logo depois, um toldo com outros militares e repórteres que nos aguardavam.
- Missão cumprida
O Major Maier, Oficial de Relações Públicas do 2º GECnst, havia preparado um aparato formidável para nos receber. Ainda na praia, agradecemos a gentileza da recepção e concedemos algumas entrevistas aos diversos jornalistas que nos aguardavam.
Missão cumprida!
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