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sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Nas Águas da Família Schiefelbein

Nas Águas da Família Schiefelbein


Durante o vôo, o maguari e alguns outros pernaltas esticam o pescoço em linha reta. As grandes garças, ao contrário, inclinam o longo pescoço para trás numa belíssima curva, de maneira que a cabeça fica bem próxima das espáduas.
(Theodore Roosevelt)

Desde pequeno, as Maguaris (Ardea cocoi) me fascinam e parece que, volta e meia, as circunstâncias nos envolvem numa bela e emocionante trama. Às vésperas de minha jornada pela Margem Ocidental da Laguna dos Patos eu precisava encontrar, em Bagé, um lugar adequado para treinar e que não ficasse muito longe da cidade. A Rosângela sugeriu que solicitássemos à família Schiefelbein o uso de sua bela barragem, na Granja do Valente.

A recepção não poderia ser mais cordial e os amigos prontamente aquiesceram. Ao contrário do Rio Negro, em Bagé, aqui eu podia desenvolver meu treinamento mais adequadamente e com mais rigor. A volta pelo perímetro da represa, incluindo a entrada por um canal de tomada d’água para a lavoura, era vencida entre 40 e 50 minutos o que facilitava meu controle e me permitia desenvolver uma velocidade similar à que vou imprimir na Laguna dos Patos. A montante da barragem as árvores submersas exibiam, além de seus galhos secos, aproximadamente 30 ninhos das formidáveis Maguaris. Era a primeira vez que eu tinha a oportunidade de admirar de perto um ninhal de tal envergadura. Já observara inúmeros ninhais no Pantanal Mato-grossense e na Amazônia de diversas outras espécies, mas nenhum de Maguaris.

A navegação a cada volta ganhava um momento mágico que era poder admirar minhas caras amigas de perto e de lambuja um ninho, à altura de meus olhos, de um João Grande (Ciconia euxenura) com três grandes ovos. Graças aos Schiefelbein revivi, nestes poucos dias em que permaneci em Bagé, a ave de meus encantos juvenis.

-  Ardea cocoi

A garça-moura ou maguari é uma ave ciconiforme da família Ardeidae. É a maior das garças do Brasil, atingindo 1,20m de altura, uma envergadura de 1,80m e um peso de 3k. Durante o vôo as batidas de asas são ritmadas e lentas. Em deslocamentos médios ou longos encolhem graciosamente o pescoço ao mesmo tempo em que estendem as pernas completamente, apenas em pequenos vôos mantém o pescoço esticado em linha reta, como menciona Roosevelt. Fora do período reprodutivo vive solitária e, mesmo nessa época, a maioria mantém-se isolada durante a alimentação. Permanece pousada nas margens dos mananciais, em meio à vegetação, pescando peixes, rãs, pererecas, crustáceos, moluscos e pequenos répteis. Graças às suas longas pernas e pescoço consegue capturar presas de lugares mais profundos do que as demais garças.

Possui um longo período de acasalamento e nidificação que se estende de janeiro a outubro quando então reúnem-se em ninhais coletivos. Os grandes ninhos construídos com gravetos e forrados com gramíneas são construídos na parte superior e externa das árvores de maneira a permitir a aproximação das grandes aves. O casal se reveza desde período do choco até a alimentação dos 3 ou 4 filhotes de sua ninhada. O ninhal favorece a segurança contra os principais predadores, nesta fase, que são os carcarás e urubus, que tentam se apoderar dos ovos e filhotes.

Neste período a plumagem dos pais é acrescida de um pequeno tufo de penas brancas na base do pescoço além das penas acinzentadas e negras ficarem mais nítidas. O mesmo acontece com as penugens ao redor dos olhos que fica mais azulada e o bico que ganha um amarelo mais vivo. Os filhotes ostentam as mesmas cores dos pais, mas bem mais esmaecida, e não possuem a listra negra do pescoço ou do ventre.




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