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quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Mais um dia em Barcelos

Mais um dia em Barcelos

“Há mais pessoas que desistem do que pessoas que fracassam”. (Henry Ford)

Recebemos um convite, por intermédio do Sargento PM Pepes, para um jantar na casa do Tenente Nilder Márcio Silva Mendes. O Tenente Nilder é o diretor do Hospital Geral de Barcelos e vem operando milagres segundo moradores locais. O Tenente Walter deixou-me no consultório do dentista às vinte horas e levou o Teixeira e o Osmarino para a casa do Tenente. Logo depois da consulta, me uni aos companheiros e participamos da confraternização em nossa homenagem. Conhecemos, na oportunidade, o filho de Tatunca Nara. Tatunca é uma conhecida e controvertida personagem local e fomos instados a não viajar sem antes conhecê-lo e ouvir suas incríveis e pouco verossímeis estórias.

- Tatunca Nara
O Tenente Walter pegou o doutor Nilder em sua residência e nos dirigimos ao sítio do Tatunca, que mora há algumas dezenas de quilômetros de Barcelos, onde cultiva diversas plantas frutíferas que comercializa com os comerciantes locais. Tatunca foi surpreendido com nossa visita, mas amavelmente nos convidou para entrarmos em seu modesto barranco onde discorreu sobre temas como a Alemanha nazista, sua trajetória de vida e suas pesquisas na serra do Aracá. Tatunca se diz filho de uma alemã com um tuxaua quíchua peruano (descendentes dos incas). Num linguajar arrastado, com forte sotaque alemão, contou suas passagens pelo Brasil, sua ida à Alemanha onde se especializou em motores à Diesel e seu retorno à terra brasileira no período revolucionário. Conta ele, depois de muitas idas e vindas, que conheceu aquela que viria a ser mais tarde sua esposa, dona Anita, quando ela o entrevistou em inglês e alemão. Depois disso, ele teria sido recrutado como membro da inteligência para o Exército Brasileiro. Depois de casar com Anita, trabalhou, durante algum tempo, como motorista de caminhão e acabou vindo para o rio Patueri pesquisar as origens de sua gente (quíchua) e, depois, residindo em Barcelos, na serra do Araçá, onde teria encontrada restos de uma antiga muralha. Tatunca advoga que o nome da cidade de Machu Pichu, na língua nativa, significa a ‘segunda’ e que na serra do Aracá encontra-se um sítio arqueológico com a mesma orientação e semelhança onde teria sido construída a ‘primeira’. Em Machu Pichu, a forma do sítio lembra um gigantesco Jacaré e aqui, no Aracá, a formação lembra um grande boto. Informa que existe uma foto aérea que mostra, nitidamente, o desenho de uma enorme tartaruga, de uns 200 metros, gravada na pedra. Um animal sagrado para os antigos quíchuas. Continuando seu relato, Tatunca afirma que na serra do Aracá existiam três grandes buracos que penetravam terra adentro e que ele chamou a equipe do Akakor, da Itália, para inspecionar o local. Qual não foi sua surpresa quando chegou lá com os italianos e verificou que os buracos tinham sumido. Segundo sua versão, ele tinha até deixado uma corda marcando o local. Algum tempo depois, ele verificou que o grande bloco de pedra em que se encontravam os três buracos havia desabado. A respeito de uma suposta cidade perdida ele afirma que tem certeza de que se a região for devidamente pesquisada ela será encontrada e que ele já encontrou uma peça de cerâmica maia de quinhentos anos antes da chegada dos espanhóis à América. Falou, também, da tentativa de demarcação de novas terras indígenas na região do Aracá pela ONG Instituto Sócio Ambiental (ISA), quando eles tentaram criar uma maloca na região importando índios de São Gabriel da Cachoeira com a alegação de que ali estavam desde tempos imemoriais. Nas manifestações pró demarcação que aconteceram em Barcelos, ele disse que até índios negros apareceram, mas que, graças à mobilização da população e dos seus dirigentes, a farsa montada pelo ISA foi desmantelada e a terra não foi demarcada.

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