Carauari – Juruá (2ª Parte)
Hiram
Reis e Silva, Juruá, Amazonas, 15 de fevereiro de 2013.
- Baixo Juruá
O
Baixo Juruá, que vai desde sua foz no Solimões até a boca do Rio Tarauacá,
próximo a Eirunepé, apresenta características que em muito diferem do Médio
Juruá que vai do Tarauacá até a foz do Breu. O curso do Juruá apresenta neste
trecho curvas mais amplas com raios que por vezes ultrapassam a um quilometro e
alongados estirões. À medida que nos afastamos da fronteira com o Peru os
declives se tornaram cada vez mais insignificantes, parece que se navega em um
terreno plano embora vez por outra se possa sentir algumas vezes a torrente fluir
com mais impetuosidade. As margens no Baixo Juruá são na sua maior parte planas
e baixas ainda que às vezes avistemos terras firmes com barrancos de 12 a 50 metros de altura.
- Comunidade Juanico – Forte das Graças (11.02.2013)
Como de costume partimos ao alvorecer com destino à Comunidade
Forte das Graças. Despedimo-nos de nossos novos amigos e partimos céleres para
enfrentar os 105 km
que nos separavam de nosso destino. Meu parceiro Marçal recuperara sua energia
graças a um chá preparado pela sogra do Sr. Manoel em Juanico. Tínhamos a
pretensão de alcançar nosso objetivo por volta das três horas da tarde, mas a
canícula, ventos de até 50 km/h, banzeiros fortes e chuva torrencial retardaram
nossa progressão e só conseguimos atingir nosso destino por volta das dezesseis
horas.
A bela Comunidade firmemente assentada em terra firme é banhada
por um Lago de águas negras chamado Andirá cujas águas penetram no Juruá
algumas centenas de metros sem se misturar. Ao desembarcar, no “Bocão”, preparamo-nos para o ataque sem
dó nem piedade dos piuns e nada aconteceu, talvez graças às águas ácidas do
Lago, o fato é que foi a Comunidade mais salubre que tivemos a oportunidade de
conhecer em toda a Bacia do Juruá. Os líderes da Comunidade já tinham franqueado
ao Mário, que nos precedera, a Casa do Professor que além de vários quartos
possuía um banheiro e cozinha, coisa rara nestas paragens.
À noite, durante o jantar, recebemos a visita dos líderes que
relataram ser a primeira vez que canoístas visitavam aquelas paragens. Depois
da visita continuei lançando os dados colhidos e o Mário e o Marçal foram fazer
uma incursão pela Comunidade. Como não poderia deixar de ser tiveram de
enfrentar as costumeiras provocações a respeito dos paraenses. É estranho que
os amazonenses que se referem aos paraenses, em geral como bandoleiros, piratas
e outros qualificativos nada lisonjeiros tenham escolhido, pelo sufrágio
universal, um político nascido naquele Estado para governá-los. Na oportunidade
o Sr. João Batista Ramos de Carvalho, que estava com viagem marcada para Juruá
na manhã seguinte, se prontificou a nos acompanhar mostrando os diversos furos
que abreviariam em muito nossa jornada.
- Comunidade Forte das Graças – Juruá
(12.02.2013)
Acordamos
mais tarde (06h30), os 65 km
que nos separavam de Juruá poderiam ser vencidos na parte da manhã sem maiores
dificuldades, além do que podíamos contar com a possibilidade de abreviar a
distância ao penetrar nos Furos do Antonio, Arati e Taboca. Pedi ao Mário para fazer
uma filmagem da Comunidade vista do Rio e parti com o Marçal para nossa
derradeira jornada até o Juruá. Identificamos o Furo do Antonio e penetramos
nele enquanto o Mário fazia a volta procurando marcar no GPS a localização de alguma
Comunidade que por ali existisse. Logo que saímos do Furo encontramos o João
Batista, que se desencontrara do Mário quando este concluiu a filmagem e aproou
para a cidade de Juruá. O João nos guiou, pacientemente, até a Cidade de Juruá
e tivemos, mais uma vez a oportunidade de admirar, de perto, a beleza dos
Igapós e Lagos ao navegar por estes belíssimos labirintos naturais.
Nas
cercanias de Juruá despedimo-nos do João Batista e voltamos nossas proas para o
Porto de Juruá. Despachei o Mário à frente com o intuito de que este fizesse
contato imediato com a PM e qual não foi minha surpresa ao verificar que uma
viatura da PM já nos aguardava postada na parte mais alta do formidável
barranco que dá acesso ao Porto. Os informantes já tinham alertado os Policiais
Militares da nossa chegada julgando, mais uma vez, que se tratava de
traficantes ou fugitivos. Apesar do alerta vermelho dos ribeirinhos fomos muito
bem recebidos pelos PMs que nos encaminharam imediatamente ao Vice-prefeito
José Leland Herculano Saraiva que autorizou que ficássemos alojados no Hotel
Amazonas com as despesas pagas pela Prefeitura do Juruá.
- Juruá (13 a 15.02.2013)
No
Hotel conhecemos dois personagens muito interessantes, o engenheiro Roberto
Carlos Coêlho Dibo e o senhor Reis, um típico nordestino. No dia 14 assistimos,
de manhã, a palestra “Profissional com
Alto Desempenho” promovida pelo Engenheiro Roberto na sede da Prefeitura de
Juruá e, à tarde, depois de conceder uma entrevista à Rádio Juruá FM 104,9 MHz,
ao repórter e Secretário Extraordinário da Prefeitura Sr. José de Arribamar
Mendes de Souza, realizamos uma entrevista com o Vice-prefeito José Leland que
discorreu com desenvoltura sobre assuntos atinentes ao seu Município, projetos
em curso e futuros. Depois da entrevista conseguimos, graças à Secretária Marly
da S. Mota, um computador para fazer o “upload”
das fotos para o facebook do trecho de Cararuari até Juruá.
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