Desafiando o Rio-mar – De volta à Realidade
“Minha Missão, meu Desafio é um misto de sonho e fantasia, de solidariedade e aprendizado, de fascínio e puro encantamento, ao concluir cada fase, porém, minha Vida, meu Cotidiano, arrastam-me com suas garras impregnadas da mais crua realidade onde tento, em vão, manter a razão, a esperança e a fé”.
(Hiram Reis e Silva).”
(Hiram Reis e Silva).”
- Retorno a Porto Alegre (06 de fevereiro de 2011)
A convite do caro amigo Coronel Lúcio Flávio fui até a casa de seu filho, Capitão Luciano Flávio, almoçar antes de voltar a Porto Alegre. Infelizmente, preso ao horário, pouco pude desfrutar do convívio dos queridos amigos. Logo tivemos de partir para o caótico aeroporto de Santarém, caracterizado pela desordem, minúscula sala de espera, atraso e falta de cuidado no transporte da bagagem por parte da Gol Linhas Aéreas. Saímos com um atraso de mais de uma hora e as bagagens totalmente molhadas. Em Manaus, não foi diferente e o resultado foi que chegamos a São Paulo depois das vinte e duas horas perdendo a conexão para Porto Alegre, prevista para as 21h45, além de novo transtorno com as bagagens e informações desencontradas. Fomos informados por uma funcionária da Gol que deveríamos aguardar uma Van que nos levaria até o Hotel Dobly. Na verdade era o Hotel Bristol Dobly Category e só não perdemos a van porque o atento motorista veio nos procurar. A única ocorrência boa da viagem vale a pena salientar, foi o tratamento profissional e impecável que tivemos por parte dos funcionários do Hotel Bristol. O resultado final do imbróglio foi que perdi meu primeiro dia de aula no Colégio Militar de Porto Alegre graças à incompetência da Gol Linhas Aéreas “Inteligentes”.
Hotel Bristol |
- Reflexões (07/08 de fevereiro de 2011)
“Uma travessia. Uma aventura. Não sabemos bem. Talvez apenas um homem comum tentando entender aquilo que é humano, mas tão doloroso. Talvez uma perda tentando se transformar em vida. Quem sabe um encontro consigo, com seu passado. Quem sabe uma tentativa de reunir forças para seguir uma viagem solitária muito mais difícil que o solitário desafio contra o Rio-mar”.
(Professora Silvana Schuler Pineda)
(Professora Silvana Schuler Pineda)
Meus alunos e alguns conhecidos, menos informados, me perguntam quando será minha última jornada náutica e eu respondo, sem pestanejar, quando meu corpo físico estiver repousando definitivamente no sepulcro, mas afirmo, também, que minha alma “Argonauta” rompendo os grilhões do tempo e do espaço continuará esquadrinhando outros horizontes, outras eras, outros entes. Minhas jornadas pelos amazônicos caudais fazem-me esquecer, ainda que temporariamente, de minhas dores e de minhas perdas infindas, permitem que eu olvide de minha impotência, de minha incapacidade de dar um maior conforto à esposa enferma, de poder pagar os estudos dos filhos ou estender-lhes a mão quando mais precisam. Ao Desafiar o Rio-mar sou envolvido, arrebatado pelo místico encantamento das águas e dos ventos que afastam momentaneamente as sombrias brumas que me acompanham, desde 8 de janeiro 2004, quando uma funesta AVC vitimou minha querida esposa.
Os reflexos psicológicos, que a doença de um familiar acarreta, e o consequente comprometimento das finanças exercem uma pressão sem precedentes na estrutura familiar. Graças ao Grande Arquiteto do Universo, temos conseguido sobreviver, aos trancos e barrancos, rolando dívidas impagáveis e suprimindo tudo aquilo que for considerado dispensável. Isso posto acho que alguns leitores estarão se perguntando se os custos do Projeto Aventura Desafiando o Rio-mar não seriam supérfluos e eu respondo que o Projeto só existe e só sobrevive graças à contribuição espontânea de amigos distribuídos por todo o país que vem fazendo doações que variam de R$ 50,00 a R$ 2.000,00. Eu não teria, jamais, nas atuais circunstâncias, de levá-lo adiante sem o apoio de amigos. Por isso, agradeço sensibilizado, novamente, a cada um que contribuiu com passagens, numerário ou material para que cumpríssemos nosso Projeto de Soberania.
É impressionante que a Legislação Brasileira tão permissiva com políticos e apaniguados não preveja a isenção do Imposto de Renda para os contribuintes que tenham altos custos com seus dependentes. Não peço para o Estado arcar com as despesas de três enfermeiras, fisioterapeuta, fonoaudióloga, dieta, remédios, fraldas geriátricas, transporte especial e outros itens, mas, apenas, isentar-me do Imposto de Renda já que essa irreversível situação agrava-se dia-a-dia podendo vir no futuro comprometer a sobrevivência de minha esposa.
A descida do Amazonas, nesta 3ª Fase do projeto, foi mágica e estamos compilando os materiais recolhidos, digitando as entrevistas orais, buscando bibliografia complementar necessária para compor o novo livro “Descendo o Amazonas I” que esperamos concluir até setembro deste ano. O “Descendo o Rio Negro”, já pronto e revisado, continua aguardando o patrocínio de 50% da obra, orçada entre R$ 18.000,00 e R$ 20.000,00 para uma tiragem de mil exemplares pela Editora da PUCRS.
“As águas claras e cristalinas do Rio Negro mal tinham perdido a sua transparência, misturando-se com as esbranquiçadas e turvas do Amazonas, quando encontramos do lado do Sul a primeira embocadura dum outro afluente que nada cede ao anterior, e que não é menos visitado pelos portugueses. É o que chamam Rio Madeira, talvez por causa da quantidade de árvores que carrega no tempo das cheias.” (Charles Marie de La Condamine - 1744)
Estamos trabalhando, também, no planejamento da descida do Rio Madeira prevista para ser iniciada a partir de 22 de dezembro do corrente ano. A 4ª fase do projeto deverá ser cumprida no prazo de um mês e pecorrer aproximadamente mil quilômetros. O caro amigo e mestre José Holanda, que conhecemos em Itacoatiara, pretende nos acompanhar e apoiar em parte do percurso com suas lanchas. Esperamos continuar contando com o apoio de nossos antigos e novos colaboradores para mais esta empreitada.
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